A FCB Brasil também está sendo apontada como uma das agências de publicidade envolvidas em transações irregulares em contratos de publicidade com o governo federal, que estão sendo investigadas pela Operação Lava Jato. Segundo a Polícia Federal, a FCB solicitou o repasse de R$ 311 mil para uma empresa fantasma do ex-deputado federal André Vargas.

Segundo os procuradores da Operação Lava Jato, o pagamento foi feito em 26 de fevereiro do ano passado, no mesmo dia em que a FCB conquistou uma conta de R$ 110 milhões da Petrobras. De acordo com a PF, a FCB pediu que a produtora O2 Filmes, que tem como um dos sócios Fernando Meirelles, fizesse o pagamento por ela.

Em comunicado, a FCB confirma que fez o pedido para a O2 Filmes depositar o dinheiro na conta da LSI. “A transferência do crédito de fornecedor de produção a uma terceira pessoa foi feita sem examinar adequadamente a propriedade dessa empresa”, diz na nota. “Esta forma de pagamento foi uma solicitação de Ricardo Hoffman à FCB como remuneração devida a ele por um único projeto de consultoria”, completa o texto da agência.

Os procuradores consideram o repasse propina porque a empresa de Vargas que recebeu o montante, a LSI Solução em Serviços Empresarias, não tem atividade alguma. Outras produtoras, como a Conspiração, a Academia de Filmes e a Zulu também fizeram pagamentos, que somam R$ 3,17 milhões, segundo planilha apreendida na casa do ex-deputado, em Londrina (PR).

Em nota, a O2 Filmes afirma que “tomou conhecimento pela imprensa de que seu nome consta em relação de empresas que fizeram depósitos à LSI Solução em Serviços Empresariais Ltda. (“LSI”), com a qual a O2 nunca manteve qualquer relação”. A produtora diz que apurou que o referido depósito se deu por conta e ordem da FCB Brasil “a qual, em razão da relação comercial que há muito mantém com a O2, era sua credora. Referido depósito, portanto, visou unicamente quitar o crédito que a FCB detinha contra a O2, a pedido e sob total responsabilidade da FCB”.

Segundo a O2, “todos os filmes produzidos pela O2 para a agência FCB foram feitos exclusivamente para anunciantes privados, nenhum deles, portanto, vinculados a órgãos públicos e/ou custeados por recursos públicos”. “Encerramos a presente reafirmando nosso compromisso com a ética e transparência em nossas relações comerciais com o mercado, e nos colocamos à disposição das autoridades para prestar os esclarecimentos reputados devidos.”

O envolvimento de agências e produtoras na Operação Lava Jato veio à tona com a prisão no último dia 10 do ex-VP da Borghi/Lowe em Brasília, Ricardo Hoffmann, acusado de ter pago propina para conseguir as contas da Caixa Econômica Federal e do Ministério da Saúde. Em depoimento à PF, Hoffmann disse que a decisão de fazer os pagamentos a André Vargas partiu do presidente e VP da Borghi, José Borghi e Valdir Barbosa. Borghi enviou nota ao mercado afirmando que: “nunca conheci André Vargas ou tive contato com o ex-deputado ou qualquer pessoa ligada a seus negócios; possuo 32 anos de vida profissional, atuando no mercado criativo da publicidade de forma ética, sendo reconhecido por campanhas vencedoras para empresas diversas nacional e globalmente”. Vale lembrar que a FCB Brasil e a Borghi/Lowe pertencem ao mesmo grupo, o Interpublic.

Leia mais sobre o caso aqui.