Não sei você, mas eu ainda estou com as imagens da Olimpíada na minha cabeça. Estou com as imagens da fantástica cerimônia de abertura e da festa de encerramento. Dos sorrisos dos estrangeiros, das matérias elogiosas da cobertura internacional, do choro emocionante dos ganhadores e perdedores brasileiros.

Estou também com a lembrança do imbróglio do nadador americano com um desfecho positivo para o nosso país. Ufa! Estávamos precisando dessa catarse!

Estava difícil acompanhar as manchetes diárias, só focando as mazelas do nosso país. Pois bem, a festa acabou (se bem que ainda teremos os Jogos Paralímpicos) e devemos voltar ao “normal”. Mas que normal é esse que iremos enfrentar?

Depois da celebração da Olimpíada, viveremos um momento ainda mais importante para o nosso país. Teremos a consolidação de um novo governo, que deverá atuar sob condições mais “normais” de temperatura e pressão.

Deveremos ter a volta – ainda que lenta – de uma estabilidade política e econômica. E com estabilidade, esperamos entrar numa nova fase de geração de negócios e de reaquecimento da economia.

Esperamos que as empresas entendam que o jogo está posto e é preciso mover as peças no tabuleiro. Não dá mais para esperar algo no campo macroeconômico.

É isso que nós temos e é nesse campo que vamos jogar. O que não dá mais é ficar no banco ou sentadinho na areia (como diz a campanha da Abap e da Fenapro). É hora de jogar o jogo e se atirar na onda, mesmo sob o risco de levar algumas vacas.

Acho, porém, que é o momento também de se repensar. Talvez nunca tenhamos tido momentos tão adversos e, se é que há um lado bom da crise, é o momento de nos fazer pensar, rever, melhorar processos, otimizar recursos…

Não podemos “desperdiçar” uma crise. Tenho tido a oportunidade de liderar processos de Design Thinking em diversos setores e é animador ver como as empresas estão predispostas a repensar seus negócios. E não só pela crise, mas também pelas mudanças impostas pelo novo mercado, que não para de se reinventar.

Vi uma matéria na Harvard Business Review destacando uma previsão de que, em 2020, 75% das 500 maiores empresas listadas pela S&P serão empresas que não existem hoje. E 2020 está logo ali!

De fato, algumas das empresas mais exuberantes do mundo de hoje não existiam 10 anos atrás. Basta citar Uber eAirbnb…

No Cannes Lions deste ano, o pesquisador Kevin Kelly, cofundador da Wired, comparou a popularização da realidade virtual e da realidade aumentada com a chegada da eletricidade, séculos atrás. O que parecia futurologia aparece à nossa frente como realidade irrefutável.

O Uber já começa a testar carros autônomos em Pittsburg, nos EUA. Sim, você já pode usar um carro sem motorista. É certo que estão ainda em fase de testes e um motorista acompanha o carro para intervir, se for necessário.

Mas não demorará para termos imagens Jetsonianas de carros andando sozinhos pelas ruas e estradas… E o nosso negócio? Não mudará? Claro que sim!

Portanto, independentemente da crise, é preciso estarmos preparados para repensar e agir todo o tempo. Pensar, rever, prototipar, testar, errar, recomeçar, repensar, agir, implementar… E assim será a nossa vida, daqui para frente. Se titubearmos, corremos o risco de ser atropelados.

Não é fácil para seres humanos que buscam a estabilidade e o conforto de navegar por mares conhecidos. A má notícia para aqueles que não gostam de mudanças é que esse novo mar que se nos apresenta vem carregado de ondas de formatos e características diferentes.

Quando você pensa que já aprendeu a surfá-las, vêm outras te desafiando a novas posições, novas pranchas… Quando você pensa que sabe todas as respostas, vêm uns “chatos” e mudam as perguntas.

Esse é o novo mundo do repensar e agir, repensar e agir, repensar e agir…

Alexis Thuller Pagliarini é superintendente da Fenapro (Federação Nacional de Agências de Propaganda)