Alê Oliveira

“Estamos todos competindo pela atenção das pessoas.” Com essa frase o editor-executivo do LinkedIn, o norte-americano Daniel Roth, consegue resumir a relação complexa entre publishers e redes sociais de vários tipos que competem e, ao mesmo tempo, colaboram mutuamente para atrair usuários e leitores. Passado o momento de contestação em que veículos de comunicação eram reticentes com a ideia de emprestar conteúdo para sites alheios, como Facebook e Twitter, hoje todos parecem ter identificado a oportunidade de expandir o alcance do conteúdo com as plataformas digitais de outras companhias, além de puxar usuários dessas redes para sites próprios.

Nesse sentido, apostando em conteúdo criado por colaboradores que olham as redes sociais como oportunidade para adquirir seguidores, o LinkedIn está trazendo para o Brasil uma série de projetos que já são considerados exitosos nos Estados Unidos, país de origem da empresa. Há menos de um mês, os usuários da rede no país têm recebido posts de uma rede nacional de influenciadores como Nizan Guanaes, Abílio Diniz, Viviane Senna e Ricardo Amorim. Esses influenciadores começaram a postar artigos que, segundo a empresa, não são remunerados.

O objetivo do programa, batizado como “Influencers”, é oferecer a escritores e geradores de conteúdo a oportunidade de conquistar leitores e, do outro lado, incentivar usuários a apresentarem seus insights ao mercado por meio de uma rede que já reúne mais de 22 milhões de brasileiros interessados em assuntos profissionais. Atualmente, o Brasil é o terceiro maior mercado do LinkedIn, atrás de Estados Unidos e Índia. Além disso, é primeiro país de língua não inglesa a receber o projeto.

De acordo com Roth, a vantagem do LinkedIn sobre outras redes sociais é justamente a capacidade de segmentação mais precisa dos usuários. “Por ter uma característica profissional, é mais fácil manter a qualidade dos posts”, diz.

Sobre uma possível desconfiança de publishers tradicionais contra a ideia de ter um site onde mais de 380 pessoas podem começar a criar conteúdo de forma gratuita para uma plataforma que lucrou US$ 712 milhões somente no último quadrimestre, o editor-executivo pontua que a natureza não cria uma concorrência direta com jornais, revistas e sites noticiosos. “Os posts publicados não são de notícias quentes do dia a dia. São insights das melhores fontes do mercado.”

Roth ainda destaca o LinkedIn como um canal prático para explorar a publicidade nativa – ”o formato de anúncio mais inteligente que existe”, segundo ele. O executivo afirma que a estratégia da empresa, no momento, está mais voltada para parcerias com agências de relações públicas do que com agências de publicidade. “O PR ajuda a amplificar a voz e estão descobrindo que o LinkedIn é um bom lugar para promover artigos de qualidade dos seus clientes.” A publicidade representa apenas 20% da fonte de receita do LinkedIn.

Para o futuro, Roth revela a preocupação da empresa em explorar mais o mobile, que já é fonte de 51% dos acessos do site. “É preciso entender para onde o mundo está indo”, fala.