Sandro Barreto, gerente de marketing da TaxiBeat Brasil

 

Os aplicativos de táxi primeiro caíram na graça de fundos de investimento e, agora, chamam a atenção de grandes marcas. Em novembro, o Santander lançou a promoção “Santander Meia Bandeira”, em parceria com a EasyTaxi. Até dezembro de 2014 a instituição vai dar 50% de desconto para todos os passageiros na capital paulista que utilizarem o aplicativo no horário da bandeira 2 e pagarem a corrida com cartão do banco. Uma campanha desenvolvida com a Talent divulga o benefício em pontos estratégicos: bolachas de chope, abrigos de ônibus em bairros boêmios da cidade e em guias de passeios editados por veículos.

O interesse da companhia é entrar no debate sobre mobilidade urbana, algo que tem sido explorado por outras empresas da categoria (vide o Itaú), e se apropriar do tema trânsito seguro. Além do ganho de valor de marca, há geração de negócio. “O objetivo inicial era fidelizar clientes e aumentar a frequência de uso de cartões Santander, criando mais transações. O que começamos a observar foi a repercussão entre quem não está em nossa base e agora tem buscado cartões devido ao benefício”, afirma Paula Nader, diretora de marketing do banco.

O projeto ainda é um piloto concentrado em São Paulo, mas a executiva afirma que o Santander tem interesse em levá-lo para outros países. “A EasyTaxi está presente em vários países da América Latina, e isso nos interessa. Pode haver expansão, o que viraria um benefício global do banco”, projeta Paula. “Estou em Madri para me reunir com o marketing global do Santander e apresentarei essa iniciativa com destaque”, adianta.

Os aplicativos de táxi chegaram ao mercado em meados de 2012 e alcançaram rápido sucesso: o EasyTaxi, parceiro do banco, já recebeu R$ 55 milhões em aportes financeiros de diferentes fundos internacionais desde setembro de 2012. A startup, que nasceu no Rio de Janeiro em abril do ano passado, saltou de mil taxistas cadastrados no início da operação para os atuais 90 mil, espalhados por 17 países.

De acordo com Tallis Gomes, coCEO da EasyTaxi, a companhia está negociando com empresas das categorias de seguros e de bebidas alcoólicas (destiladas e não destiladas) interessadas em se associar ao app. “Há várias empresas que veem sentido numa parceria assim. A Ambev já está conosco e estamos conversando com uma empresa da área de seguros. Os apps de táxi utilizam softwares como serviço no mobile, algo antes restrito à web. É algo novo, abre muitas possibilidades de serviços em diferentes áreas, do transporte à alimentação”.

O 99Taxis completou em novembro dois milhões de corridas no Brasil (o aplicativo tem 25 mil taxistas cadastrados e 750 mil usuários na plataforma) e tem sido procurado por empresas do setor financeiro, automobilístico, de telefonia e de bebidas. “São quatro grandes segmentos e teremos em 2014 parcerias com pelo menos um representante de cada categoria”, afirma Paulo Veras, CEO e fundador da companhia.

Pagamento mobile

Entrar no mercado de táxis, onde o pagamento eletrônico é baixo, é algo que chama a atenção do mercado financeiro. Estimativa da 99Taxis aponta que o segmento movimente, somente no Brasil, R$ 20 bilhões anualmente. A rejeição dos taxistas por cartões e a pressão dos passageiros para pagar corridas de forma eletrônica abrem um mercado para novas soluções, aponta Veras.

No ano que vem, a startup irá implantar solução para que o pagamento seja feito de forma totalmente mobile, dispensando o uso de máquinas de pagamento. “A maioria dos passageiros quer usar cartão e a maioria dos taxistas quer receber em dinheiro. É um problema que queremos resolver para facilitar a vida das duas partes. Fechamos uma parceria com a PayPal para criar esse sistema de pagamento e taxaremos a transação. Hoje não somos remunerados e em 2014 geraremos receita dessa forma”, explica.

O segmento deve continuar em expansão. Sandro Barreto, gerente de marketing da TaxiBeat Brasil, startup presente em seis países, observa que o modelo de usar aplicativos mobile para serviço de táxi “é um movimento sem volta”. “Independentemente do app que sobreviverá, usuários já adotaram. Esse é um mercado novo, tem menos de dois anos no Brasil e já é uma realidade. Ele irá alcançar outras cidades”.