Aqui no Brasil, a sustentabilidade entrou na ordem do dia por volta de 2012, ano em que foi realizada a Rio + 20. E permaneceu sendo discutida no âmbito internacional, tendo como expoente o Acordo de Paris, apoiado por 195 países, mas infelizmente abandonado pelo Sr. Donald Trump.

O Acordo se arrasta a passos de cágado, reafirmando a tese de que o ser humano não tem noção de urgência: mora em locais sujeitos a terremotos, enchentes, vendavais – e volta depois dos desastres, como se nada mais fosse acontecer. Também raramente se previne.

A ABAP havia proposto ao mercado os Indicadores de Sustentabilidade, um trabalho de fôlego, feito com o apoio técnico da ESPM. A finalidade era incentivar que as agências se voltassem às melhores práticas socioambientais e que influenciassem seus clientes para que fizessem o mesmo.

Mas, pouco tempo depois, outros problemas politicamente mais urgentes surgiram no horizonte. O escândalo do Mensalão foi sucedido pela Lava Jato e as agências procuraram aprimorar sua governança, evitando problemas futuros. A palavra de ordem passou a ser “compliance”.

O que parece não estar sendo observado por todos é que sustentabilidade e compliance estão inseridos um no outro.

“Ora, se o compliance procura antever riscos futuros da corporação de modo a resguarda-la, existe uma importância considerável de asseverar a conduta sustentável sob a ótica da integridade”.

(Cf. Juliana Oliveira Nascimento em publicação da LEC – Legal, Ethics, Compliance)

 ALÉM DAS AGÊNCIAS

O primeiro ponto a considerar vem de um dos consensos de Copenhagen, 1994. Os cientistas afirmaram que os principais problemas ecológicos do mundo eram a AIDS, a má nutrição, a malária e as barreiras comerciais. É claro: doente, com fome e sem comércio, não tem negócio, não há riquezas. E, vivendo em condições sub humanas, o homem degrada o ambiente do qual faz parte.

O estudo de Copenhagen nos remete às desigualdades sociais. Resolver este problema não é um simples ato de humanidade, mas também de redução da criminalidade e de expansão de mercados.

UM NEGÓCIO DE TODOS NÓS

Cada indivíduo, cada empresa, cada entidade pública deverá fazer o que está ao seu alcance, mesmo que seja para uma pequena comunidade, pois as comunidades se somam e a mentalidade deve ser global. As soluções daqui devem servir de exemplo para outros lugares.

Cuidar do meio ambiente e minorar as desigualdades sociais deveriam  estar no foco de todos. Vamos preservar o planeta com todos os absurdos humanos que existem? Essas questões têm muito a ver com a nossa consciência. Sem ela, forças científicas, sociais, políticas e econômicas jamais produzirão uma sinergia positiva.

O outro problema é quando a tecnologia e outros ramos modernos da ciência, como a biotecnologia, precisam evoluir expressivamente para atingir a economia verde. É preciso haver escala e preços, o que também depende de uma política de fomento e incentivos fiscais. O automóvel não poluente e os painéis solares ilustram bem um lado da solução. Já existem. A escala está fazendo reduzir o preço.

As agências são grandes influenciadoras das ações dos seus clientes. E podem ser grandes motivadoras do mercado verde, reduzindo riscos ambientais, oferecendo meios de redução das desigualdades sociais e ganhando dinheiro, observando sempre a melhor governança.

Compliance e sustentabilidade são componentes da mesma consciência, dos mesmos objetivos.

Marcelo C. P. Diniz é autor de “Será a Propaganda Culpada?” e blogdapolitica2018.com. É também consultor de planejamento para políticos e agências.