Francisco Meira: “vamos tentar mostrar a inutilidade dessa medida”A Abep (Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa) discorda do Projeto de Lei do Senado (PLS 473) apresentado pela Comissão de Reforma Política que disciplina as pesquisas eleitorais. De acordo com o texto do projeto, fica vedado aos veículos de comunicação a contratação de empresas especializadas no setor que prestam ou já prestaram serviços, nos últimos 12 meses anteriores à eleição, a partidos políticos, candidatos e órgãos de administração direta e indireta dos poderes Legislativo e Executivo.

A Abep ressalta que a Lei nº 9.504/97, denominada Lei das Eleições, já prevê um sistema de controle que fixa regras para a divulgação de pesquisa de opinião pública destinada a conhecimento público, as quais asseguram que o resultado será precedido de registro obrigatório junto ao órgão competente da Justiça Eleitoral, garantindo-se a publicidade do método e a transparência dos resultados obtidos, assim como a imposição de sanções para os casos de irregularidades e fraudes constatados. Além disso, assegura a obrigatoriedade de veiculação dos dados corretos no mesmo espaço, local, horário, página, caracteres e outros elementos de destaque, no mesmo veículo utilizado.

A Abep, no entanto, entende que os mecanismos existentes no sistema atual cumprem de forma inequívoca a finalidade da Lei das Eleições, na medida em que asseguram o direito do indivíduo-eleitor de ser corretamente informado sobre a realidade política no contexto das eleições. “Vamos tentar mostrar a inutilidade dessa medida, é mais uma tentativa de regular a atividade de pesquisa eleitoral do país, que nos parece não ser eficaz no sentido de um pressuposto enviesado”, diz João Francisco Meira, vice-presidente da Abep.

De acordo com a Abep, a restrição ao livre exercício da atividade de pesquisa de opinião constitui medida desproporcional, uma vez que se configura inadequada para garantir a finalidade pretendida pelo PLS 473/15, ou seja, assegurar a plena e correta informação do eleitor, notadamente diante dos critérios científicos rígidos e padrões éticos consagrados internacionalmente aplicados à atividade, que são voltados, exatamente, para garantia de isenção e independência dos resultados pesquisados. “A pesquisa eleitoral do Brasil tem uma transparência incomparável em relação ao resto do mundo”, argumenta.