iStock/ PeopleImages

Anualmente o Grupo Doria, por meio do Lide – Grupo de Líderes Empresariais, realiza o Fórum Lide do Varejo com o objetivo de debater o cenário atual e próximos passos do setor. A sétima edição do evento, realizada entre 22 e 24 de março o Guarujá, não foi diferente.

Na ocasião, representantes do governo e empresários se reuniram em uma intensa programação de palestras, seminários e talks. De acordo com João Doria Neto, diretor executivo do Grupo Doria, o grupo de convidados gerou um debate “interativo, produtivo e repleto de aprendizado”. “O Lide atua junto a diversos setores, e o varejo é um dos mais importantes. Ele desenvolve a economia, gera muitos empregos e é extremamente relevante para o crescimento do país. O saldo geral do nosso encontro foi extremamente positivo, e esperamos deixar um legado que fomente e fortaleça o setor”, afirma.

O PROPMARK acompanhou de perto todo o evento e selecionou as cinco principais tendências que foram comentadas em diferentes momentos do fórum por diferentes executivos. Confira:

SERVIÇOS

Não é de hoje que se fala que o consumidor busca não apenas compras, mas experiências. É assim que as novas gerações se conectam às marcas, e por isso é importante repensar a atuação do setor.

Para Héctor Núñez, diretor presidente da Ri Happy, o mercado está caminhando para oferecer uma gama cada vez maior de serviços. “Quando  nós, do grupo Carlyle, compramos a Ri Happy, queríamos ser a maior loja de brinquedos no país, e hoje somos. Agora, queremos nos tornar a maior empresa infantil do Brasil. Existe uma série de produtos e serviços envolvidos nesse universo e que podem agregar ao nosso negócio e facilitar a vida de nossos clientes, e esse é o futuro que estamos traçando”, comenta.

A Pernambucanas, por sua vez, possui sua própria fintech, a Pefisa, para facilitar a aprovação de crédito do seu público. Em parceria com a bandeira Elo, a empresa emite cartões de crédito em até 10 minutos. “Quero ver você encontrar em qualquer lugar do mundo um banco que te dê um cartão nesse mesmo período de tempo”, desafia Sergio Borriello, CEO da empresa.  

PERSONALIZAÇÃO PARA DIFERENTES GERAÇÕES

Walter Faria, CEO da J. Macêdo, afirma que as marcas precisam se adaptar aos diferentes tipos de público em ascensão. O profissional destaca a relevância dos millennials, que atingiram sua maturidade financeira, e chama atenção para o fato de que o aumento da taxa de expectativa de vida dá a oportunidade para as empresas trabalharem com um público cada vez mais sênior. Segundo o executivo, as marcas do grupo, como Dona Benta, Petybon e Sol, estão trabalhando com produtos que oferecem mais praticidade sem deixar de lado a qualidade, e apostando ainda em embalagens para esses públicos, que costumam compor famílias menores.

Já Marcelo Bazzali, diretor executivo do Extra, reforça a importância da segmentação e clusterização de clientes. “É preciso entender as diferentes jornadas de consumo. Quem não estuda bem o cliente não consegue se conectar com ele”, defende.

SAUDABILIDADE

Muito relacionada às duas gerações citadas acima, que ganham cada vez maior relevância para o varejo, a saudabilidade é fator que desponta junto a um público cada vez mais consciente no que diz respeito ao consumo.

Faria reforça que muitas pessoas estão fazendo alterações em suas dietas e preferindo produtos com farinha integral e menos açúcares e sódio, por exemplo, por estarem cada vez mais atentas, críticas e conscientes.

Daniel Mendez, presidente da Sapore, concorda com a colocação. Para o executivo, os hábitos estão mudando e há muitas oportunidades para fazer com que uma comida saudável seja também saborosa.

iStock/ gilaxia

TECNOLOGIA

Há muitas discussões sobre inteligência artificial e recursos que parecem saídos de filmes de ficção. Mas um dos temas mais debatidos durante o 7º Fórum Lide do Varejo foi a integração entre os canais físicos e digitais de forma funcional para os recursos que os consumidores utilizam agora.

Bazzali enfatiza a importância da multicanalidade, principalmente no mobile para oferecer recursos e facilidades como app, self checkout, e aproximação com startups ligadas a cada core business.

Já Borriello alerta para o fato de que não se pode apostar tanto no digital a ponto de esquecer de rentabilizar as lojas físicas, e defende a utilização de apps para relacionamento, e não apenas para compras.

MEIOS DE PAGAMENTO

A forma de adquirir bens e serviços está sempre em constante mudança. No Brasil, por exemplo, ela já passou por fases de dinheiro, cheques, cartões, e vive uma transição para o mobile.

Um dos países que se destacam globalmente dentro desse tema é a China, que tem como principal meio de pagamento o QR Code, que está presente nas lojas mais sofisticadas, nos pequenos estabelecimentos e até com os pedintes de rua!

Marcelo Pegoraro, cofundador e general manager da Lian Lian Pay Brasil, empresa chinesa focada em pagamentos mobile, afirma “O Brasil tem o costume de olhar sempre para os Estados Unidos, mas muitas empresas americanas estão atentas e copiando tecnologias chinesas”.

No entanto, para Diogo Castro e Silva, diretor-geral da Fosun Brasil, esse modelo não deve ser replicado por aqui tão cedo. “Pagamentos estão relacionados a realidades locais. A China, por exemplo, é tida como o ‘Santo Graal’ dos pagamentos, mas não acredito que isso seja exportável, cada contexto é um contexto. O que é fascinante é que estamos construindo algo totalmente novo. Essa é a maior revolução que vai acontecer nos próximos tempos com impacto para toda a economia”.

iStock

GENTE: O DENOMINADOR COMUM ENTRE TODOS OS TÓPICOS

Apesar de tantas tendências, movimentos, mudanças e discussões, os líderes do setor são unânimes ao afirmar que o principal ativo de varejo são as pessoas.

“Cada vez mais precisamos falar com cada uma, e não fazer uma comunicação massiva. Precisamos estar disponíveis e nos conectar com elas, e só fazemos isso se tivermos dentro de casa perfis diversos de colaboradores”, assegura Bazzali, que revela ainda a preocupação do GPA com questões de igualdade de gênero (inclusive em lideranças), raça e inclusão de colaboradores LGBT+.

Sergio Borriello, CEO da Pernambucanas, finaliza: “Independentemente do que tá acontecendo com a tecnologia, a gente busca enxergar o que está acontecendo com as pessoas, e elas mudaram não só no consumo, mas na forma que elas se relacionam. Quando vocês estiverem em nossas lojas, não se esqueçam de ver como os colaboradores estão atendendo aos clientes, porque é isso o que faz a diferença”.