Foi-se o tempo em que manter o corpo enxuto era sinônimo de supérfluo. Com o aumento da busca por um estilo de vida mais saudável, cuidar do próprio corpo tem se tornado prioridade para os brasileiros, contribuindo diretamente para o desenvolvimento do mercado fitness. Não à toa, ficamos apenas atrás dos Estados Unidos no número de academias. São 31.809 unidades, em um total de quase oito milhões de inscritos.

No mundo, o faturamento no setor chega a US$ 2,4 bilhões por ano, segundo dados do IHRSA Global Report 2016, sendo o Brasil a bola da vez nos negócios, principalmente, com o grau de profissionalização imposto pelas academias low cost. A avaliação é de Gustavo Almeida, diretor da 18ª IHRSA Fitness Brasil, feira de negócios do setor que acontece dos dias 31 de agosto a 2 de setembro, em São Paulo.

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Segundo o executivo, o mercado brasileiro está em franco crescimento, motivado pela consolidação de modelos como o da Smart Fit, que não apenas incluíram um novo perfil de consumidor que não era habituè, como um novo padrão de serviços e atendimento. Na rede, por exemplo, que mantém mensalidades a partir de R$ 59,90, estima-se que pelo menos 1/3 de seus mais de um milhão de alunos jamais tenham pisado em academias antes devido às restrições de renda.

Com a oferta de equipamentos novos e valor mais acessível, se tornou evidente o custo-benefício tanto para novos alunos quanto os que estavam insatisfeitos com o atendimento, sobretudo, das academias de bairro. “O modelo low cost transformou o mercado porque negócios que custavam mais caro, e que não ofereciam orientação adequada, passaram a perder relevância”, explica Almeida. Com mais atrativos e entrega ajustada a promessa de qualidade, as academias tiveram que se profissionalizar e atualizar.

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“Elas tiveram que se mexer e reestruturar profundamente o negócio. Entrar na guerra por preço não seria uma boa saída porque perderiam. Se preocuparam, então, com seu posicionamento de marca, atender nichos e perfis de público mais específicos”.

Novas exigências

Nos últimos dois anos, outro fator que tem contribuído para o amadurecimento do mercado fitness foi a crise econômica. Apesar de o desemprego ter atingido número recorde da população, a academia permanece na lista de prioridades para o consumidor. Ao mesmo tempo, ele está mais exigente sobre o investimento e não aceita mais pagar por pacotes que não vá utilizar ou comparecer, como acontecia no passado.

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“A consciência de que é importante manter a saúde está cada vez mais forte, até para que a pessoa se mantenha saudável nesse momento difícil de crise”, destaca Almeida, que chama atenção para oportunidades de novos negócios que vão além do modelo tradicional de academia.

“Essa diversificação é essencial porque as pessoas começam a praticar atividade física e querem continuar. Não é bom para ninguém quando não há frequência de treinos, daí a força das assessorias com treinos funcionais em parques, box de crossfit, pilates, entre outros. Ninguém é obrigado a gostar de musculação e é importante que os empreendedores estejam atentos a atividades que sejam mais lúdicas, que tragam mais fidelização”.

Durante a feira nesta semana, a expectativa é receber 15 mil visitantes, em sua maioria, profissionais de educação física que estejam pensando no próprio negócio. Estarão presentes marcas e empresas do setor ofertando novas oportunidades de franquias e licenciamentos.  A previsão é que o evento atinja a marca dos R$ 100 milhões em volume de negócios durante seus três dias.