O estudo Monitor Satisfação, realizado pela Perception em conjunto com a Engaje! Comunicação, avaliou o humor dos brasileiros em relação aos dois principais eventos deste ano – eleições e Copa do Mundo – e demonstrou que é no segundo tema que as pessoas estão depositando suas mais altas expectativas. Enquanto o Mundial da Rússia conta não apenas com uma torcida otimista quanto com uma forte audiência, as eleições são percebidas como um “mal necessário”. 

O estudo foi realizado entre 1º e 5 de fevereiro com 805 brasileiros, de 18 anos ou mais, das classes A, B e C (segundo critério Abep), moradores de todas as regiões do país. Para a maioria, o trauma do 7×1, na Copa 2014, está superado. “Queríamos saber se esses dois eventos que dominam a agenda do ano teriam a capacidade de afetar positivamente a esperança dos brasileiros, uma vez que  estamos saindo da pior recessão da nossa história”, explica Rodrigo Toni, sócio e diretor geral da Perception. 

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Segundo o levantamento, 75% dos brasileiros estão otimistas com o desempenho da seleção na Copa da Rússia. Destes, 51% acreditam que será bom e 24% dos pesquisados acham que será muito bom. Perguntados sobre as chances de o Brasil ser campeão, 60%  levam fé que Neymar e seus companheiros conquistarão o sonhado sexto título mundial. O ânimo dos brasileiros com a Copa deverá se refletir na audiência: 85% dos entrevistados afirmaram que devem acompanhar o torneio, sendo que 49% pretendem assistir não só aos jogos do Brasil, mas também aos de outros países. No entanto, apenas parte desta positividade com o futebol se transfere para a expectativa da população com relação a 2018: apenas 43% dizem que a Copa influencia seu astral para o ano – índice que sobe para 46% na classe C e cai para 37% nas classes A e B. 

“A Copa é importante, desejada. A seleção está com a reputação em alta. Entretanto, não é mais um evento que domine a agenda das pessoas (apesar de dominar a agenda dos anunciantes e da imprensa). Os consumidores desejam assistir à Copa do Mundo, mas ela não é suficiente para alterar o astral geral, em um ano em que as pessoas estão tão machucadas pela política e pela economia. Arrisco um exagero, mas parece que a Copa virou um evento escapista e não mais de mobilização nacional”, observa Toni.

As eleições, por sua vez, têm efeito contrário. Toni afirma que os acontecimentos dos últimos anos no campo da política – incluindo investigações criminais sobre políticos – deixaram os brasileiros muito abalados no seu tradicional otimismo com o processo democrático. “Provavelmente, se a sociedade receber mais sinais de que não haverá punição para os grandes líderes dos esquemas de corrupção, a crença no processo democrático e nos poderes da República chegará ao fundo do poço. Isso pode ser agravado se as previsões de crescimento econômico para este ano não se confirmarem; teremos, daí, além dos anos já perdidos, uma geração de céticos e cínicos, além de uma grande fuga para o exterior”, analisa o executivo. 

O simples fato de que vão ocorrer eleições deixa 42% dos entrevistados insatisfeitos (20% deles extremamente insatisfeitos), contra 30% de neutros e apenas 28% de satisfeitos. Esse pessimismo se reflete também na expectativa com relação à escolha de um novo presidente. Quando questionados sobre o que esperam do novo chefe do Executivo, apenas 35% acreditam que ele será bom, enquanto 30% acham que será ruim e outros 35% que não será nem bom nem ruim.   

Chamou a atenção, portanto, no estudo, o imenso desencanto com a política. Toni diz, porém, que se a economia melhorar, é possível que este cenário se modifique – caso o eleito consiga conduzir o país à estabilidade e a um quadro de prosperidade econômica.