Os lares brasileiros sem filhos – independentes jovens (até 49 anos) e independentes maduros (maiores de 50 anos) – tiveram gasto per capita maior que a média dos lares com filhos: jovens  34% a mais e maduros, 41%. Essa é uma das principais conclusões do estudo “Winning the Future”, apresentado nesta quarta-feira (21) pela Kantar Worldpanel, especialista global em comportamento de consumo. O levantamento sobre as fases de vida das famílias brasileiras e as oportunidades de consumo no futuro analisou 96 categorias no período de abril de 2016 a março deste ano.

“Tivemos um ano de 2015 muito negativo, em 2016 recuperou um pouquinho, mas não chegou aos patamares de 2014. Nossa projeção para 2017 é de crescimentos ainda discretos, tímidos e graduais, em que se destacam três grupos: independentes jovens, com previsão 5,8% de crescimento, casais com crianças pequenas (2,9%) e independentes maduros (2,3%)”, comentou Christine Pereira, diretora comercial da Kantar Worldpanel Brasil.

A apresentação destacou os dois extremos dos grupos de famílias: independentes jovens e independentes maduros.  Segundo o estudo, o primeiro grupo compõe 11% da população, tem a segunda maior renda per capita, está formando seu patrimônio, não tem apego por propriedade, valoriza experiências, vive conectado (entre 25 e 34 anos, 74% possuem smartphone, de 35 a 44, 62%) e busca praticidade, bem-estar e indulgência em seu consumo.

Eles usam a tecnologia para simplificar suas vidas e costumam ter produtos como óleos especiais e azeite, cerveja, antisséptico bucal, protetor solar e alvejante sem cloro. Além do arroz e feijão, o cardápio tem pizza, empanados de frango, macarrão, coxinha, lasanha, linguiça. Para as marcas se conectarem a esse grupo as palavras-chave são: experiências inovadoras, praticidade, consistência e transparência, indulgência, bem-estar, multiplataforma e multimeios.

Já o segundo grupo corresponde a 18% da população busca mais qualidade de vida e produtos específicos por saúde ou necessidade, gosta de viagens e passeios, tem imóveis próprios (92% não paga aluguel), lares com seis cômodos ou mais e melhor equipados (70% possui máquina de lavar roupa e 39% automóveis). Dessa faixa da população, 31% pertence à classe AB, 35% têm internet em casa e 29% conta com TV por assinatura.

Os compradores maduros querem bem-estar e saúde, por isso procuram produtos específicos, preferencialmente frescos e não industrializados, versões lights, integrais e diets. Além disso, eles encaram as compras como um programa e não como uma obrigação. Segundo a Kantar, esse grupo merece atenção especial das marcas para que falem com eles e para eles, uma vez que oferecem bastante espaço para crescimento e oportunidades de consumo. 

Qual o papel da promoção para o shopper no Brasil?

Na ocasião, também foi divulgada uma novidade da Kantar Worldpanel, o Promo Advisor, estudo voltado para o ponto de venda. O resultado da primeira edição da pesquisa mostra que as promoções fazem parte da rotina dos shoppers, são queridinhas e muitas vezes decisivas para o consumidor.

No primeiro trimestre de 2017, o Brasil gerou 40,1% de valor em ofertas especiais, seguido por Argentina (40%), Reino Unido (38%), Itália (34,5%), Holanda (20,6%), Alemanha (17,4%), Espanha (14,5%) e França (13,5%). 80% dos consumidores brasileiros compraram itens em promoção nesse período, sendo que 55% deles afirmaram que isso foi decisivo na escolha da loja. As promoções favoritas são as de levar mais por menos (68%), seguidas pelas de desconto no preço (64%). 

De acordo Manuela Bastian, diretora de experts solutions da Kantar Worldpanel, é preciso saber trabalhar as promoções, levando em consideração o tipo de oferta, perfil, canal e comunicação, além de encontrar o desconto ideal, que muitas vezes não precisa ser tão alto.

 “Esperamos que possam olhar para o nível promocionado no Brasil conseguindo entender o quanto estão canibalizando o seu próprio portfólio e perdendo margem. Quando você fica dependente de promoção, não está construindo lealdade de marca. A promoção pode ser a porta de entrada, gerar uma experimentação, dar um nível de acesso à sua marca para construir uma fidelização ao longo do tempo. Em um período de crise não se pode esquecer disso. A hora que acabar a crise, você construiu o quê?”, finalizou.