Simões: temos que ter o apoio dos legisladores para a defesa do setor

 

“Um novo ciclo de crescimento” foi o tema do painel de abertura da 21ª edição da Feira e Congresso ABTA 2013, maior encontro da televisão paga brasileira, realizado pela ABTA (Associação Brasileira de Televisão por Assinatura). O assunto foi discutido em cima do fato de que o setor dobrou de tamanho nos últimos três anos, chegando a marca de 17 milhões de assinantes e atingindo 56 milhões de pessoas no país – números que fizeram o Brasil assumir a liderança da TV paga na América Latina e se tornar um dos 10 maiores mercados do mundo. “E auxiliar no desenvolvimento cultural do povo brasileiro”, afirmou Oscar Simões, presidente da ABTA.

O executivo disse que para o setor entrar em um novo ciclo de crescimento, é preciso que ele mantenha preços competitivos. Porém, alertou que para isso é preciso combater desafios como o crescimento da banda larga, que ao mesmo tempo contribui para a evolução da TV por assinatura, também traz consigo players do exterior que geram conteúdo pago. “E são empresas que não pagam tributos e nem geram empregos para o país. É uma concorrência desleal”, ressalta. “Não estou aqui cobrando leis protecionistas. Mas temos que ter o apoio dos legisladores e órgãos competentes para a defesa do setor. Afinal, geremos milhares de empregos e contribuímos para o desenvolvimento do país”, completou.

Lei 12.485

Diretor-presidente da Ancine (Agência Nacional do Cinema), Manoel Rangel ressaltou que o crescimento do setor passa também pela Lei 12.485, conhecida também como Lei da TV Paga que, entre outras coisas, garante um mínimo de produção 100% nacional e independente nos canais fechados. “Faz um ano que a lei foi sancionada e já dá para sentir o aumento não só de quantidade, mas da qualidade da produção brasileiras na TV por assinatura”, disse, ressaltando que dar acesso a mais conteúdo nacional é atrair novas empresas para o setor e criar um ambiente favorável ao seu desenvolvimento. “Hoje, 25% dos lares que tem televisão no Brasil possui a TV paga. Queremos chegar a 50% em 2017”.

João Rezende, presidente da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), lembrou também que é importante as próprias operadoras investirem em estrutura, como em seus call centers. “Muito desse crescimento do setor é devido à entrada da Classe C no mercado. E as empresas têm que saber falar com esse pessoal, fazer com que ele confie no produto e não se frustre logo em sua primeira experiência como assinante”.

Ministro das Comunicações, Paulo Bernardo disse que a medida do governo em desonerar de impostos federais o setor das telecomunicações também foi importante para “destravar” os investimentos. “Hoje temos R$ 14 bilhões de investimentos de empresas em infraestrutura de telecomunicações esperando aprovação. Só da TV paga, são R$ 3 bilhões, de grandes a pequenas companhias”.

Por fim, a ministra da Cultura, Marta Suplicy, encerrou o painel de abertura dando o aval da pasta para o fortalecimento da produção nacional. “O Brasil é reconhecido pela qualidade de sua produção. E isso só irá aumentar com os investimentos da TV por assinatura”.

Protesto

O fato inusitado do painel de abertura ocorreu durante o discurso do ministro Paulo Bernardo. Uma pessoa entrou na sala onde aconteciam os debates e começou a atirar panfletos para o alto. Neles, a foto do Senador Lobão Filho, junto a um “Procura-se: Senador dono da mídia”, e o logo do SBT. O cartaz reclamava o fato do filho do ex-senador e atual suplente do cargo, Edison Lobão, ser o dono da retransmissora do SBT no Maranhão, que vai contra o artigo 54 da Constituição Federal, proibindo políticos de serem donos de emissoras de rádio ou TV.