Pesquisa da Eisenbahn e Datafolha reflete sobre falta de tempo e excesso de informação no dia a dia dos brasileiros

No primeiro trimestre deste ano, o Instituto Datafolha e a Eisenbahn realizaram, em parceria, uma pesquisa quantitativa para entender mais sobre a relação do brasileiro com o tempo e sobre o ritmo de vida das pessoas. A falta de tempo livre e o excesso de informação absorvida pela população foram temas centrais do estudo que pode ser acessado na plataforma do projeto.

O conteúdo apresentado tem o objetivo de saber como a população lida com a aceleração do ritmo de vida e reflete com possibilidades de reverter essa situação, para aproveitar melhor cada momento, sem atenções fragmentadas. Ao todo 1.500 pessoas acima de 18 anos, de todas as regiões do Brasil e com acesso à internet, foram entrevistadas.  

A problemática central desta análise é confirmada por um terço das respondentes, que declaram viver no automático. O ponto é que esta questão não está relacionada a momentos de lazer – já que 19% dos indivíduos manifestaram não terem hábitos para relaxar sem se preocupar com o tempo –, mas sim com uma mentalidade de aumentar a produtividade e inserir mais tarefas no cotidiano.

Um aspecto interessante no mundo contemporâneo é também a tendência de acelerar processos naturais da vida real que antes só eram possíveis em ambientes digitais. Com isso, Eisenbahn e Datafolha alertam sobre a importância de retornar ao ritmo 1x, enquanto a maioria está fundamentalmente em 2x, fazendo uma analogia ao consumo de conteúdos digitais.

Esta referência principal é embasada pelo dado de que mais de um quarto (26%) dos brasileiros adultos assiste vídeos ou ouve áudios em alta velocidade para supostamente conseguir tempo para resolver outras tarefas. Mas, para além das ferramentas tecnológicas que podem ser aceleradas, a investigação mostra que o público está externalizando isso e realizando funções sem prestar 100% de atenção no que desempenha.

Ainda sobre este tema, comprova-se que a tecnologia é um recurso importantíssimo na vida do ser humano moderno: na comunicação, na busca por conhecimento, nos relacionamentos e no consumo. A partir disso, a pesquisa mostra, recortes geracionais e de gênero, de como é prejudicial estar conectado o tempo todo, e como isso afeta o emocional da população e as suas relações.

Por meio do levantamento, a saúde, o autocuidado e hobbies revelam-se temas para os quais a sociedade parece não dedicar muita atenção. No grupo de 25 a 34 anos, 44% destes afirmam faltar-lhes tempo para cuidar da saúde e ainda mais entrevistados de outras faixas etárias disseram não ter o tempo desejado para sair com amigos e aproveitar a vida, por exemplo.

Dados refletem ainda que 48% da população dedica menos tempo do que gostariam para ler livros, no mesmo patamar dos que condicionam menos tempo do que gostariam para praticar um hobby (47%). A grande maioria, quase a totalidade (90%), diz concordar totalmente ou em parte que os dias hoje passam mais rápido do que em seu período de infância.

No estudo, delineia-se um cenário preocupante em que a comunidade está presa em círculos viciosos de distração, ansiedade e estresse, tentando concluir inúmeras tarefas e obrigações, e que acaba não conseguindo concentrar-se em nada, ou quase nada. E por isso se faz urgente estimular um estilo de vida desacelerado em 1x, com atenção aos detalhes, respeitando os processos. Esta é uma das metas almejadas do Instituto Datafolha e da Eisenbahn, depois do entendimento intelectual de todos esses dados sintomáticos, o cenário delineado é que a maioria da civilização está vivendo 'com a cabeça em outros lugares', sem compreender grandes parcelas do momento presente.

De modo geral, uma das reflexões que este conhecimento oferece é: o que dá forma ao futuro é a qualidade de nossa percepção no presente. Sendo assim, ter esse entendimento pode ser um dos mais importantes ensinamentos para se ter uma vida plena, absolutamente livre de distrações, e passível de transformar momentos cotidianos em boas e inesquecíveis memórias no futuro.

Confira a pesquisa completa aqui.

(Créditos da imagem: Dylan Ferreira/Unsplash)