Pesquisa projetou que o grupo será maioria no Brasil em dois anos

Nesta segunda-feira (16) o data-makers realizou o evento ‘Data-Leaders: Perspectivas para 2025’, que lançou quatro pesquisas: Perspectivas dos Líderes de Negócios para 2025, Perspectivas dos CMOs para 2025, O Brasil Evangélico e Black Consumers.

A pesquisa  'O Brasil Evangélico' revelou que os evangélicos representam 35% da população brasileira e, em dois anos, devem se tornar o maior grupo religioso do país, ultrapassando os católicos. Apesar do grande volume, mais de um terço dos evangélicos não se sentem atendidos pelo mercado e 52% não se consideram representados na publicidade.

Para esse público, a religião influencia fortemente suas decisões de compra e 58% dos entrevistados afirmam que a fé impacta suas escolhas de consumo, e destes, 46% evitariam comprar por motivos religiosos. A pesquisa revela que esse público é mais propenso a comprar produtos recomendados por figuras públicas ou influenciadores.

Como a fé é um fator-chave para esse grupo de consumidores, 25% apontam que liderariam um boicote às marcas que considerassem desalinhadas com seus valores.

39% dos evangélicos não se sentem atendidos pelo mercado e 52% não se consideram representados na publicidade

Abel Reis, sócio da Dolores, sugere que as marcas pensem nesse crescimento expressivo como uma oportunidade de explorar esse consumidor  “Existem muitas oportunidades para marcas se posicionarem nesse território com quem simplesmente não sabem se comunicar com esse público, por exemplo, no segmento de bebida. É um tema. No segmento de vestuário é um tema. No segmento de cosméticos e beleza é um tema. Ou seja, tem muita oportunidade aí vindo pela frente com essa potência de consumo”, diz ele.

“É claro que a gente pode até abrir um parêntesis e relativizar a discussão agora em função do que possa significar o impacto de aumento de juros na economia brasileira nos próximos 12 meses, mas de qualquer maneira a potência de consumo está dada e é preciso você tirar, aproveita essa oportunidade, para desenhar produto, serviço e comunicação adequada para esse público”, finaliza Reis.

O perfil do consumidor evangélico

A pesquisa foi baseada em uma amostra de 1.000 evangélicos e 721 não-evangélicos, de todas as classes sociais e regiões do Brasil. O resultado do levantamento mostrou que os canais de mídia mais utilizados pelos evangélicos incluem Instagram (27%), YouTube (23%), Streaming (11%), TikTok (7%), Facebook (6%), TV aberta (6%), TV paga (5%) e Kwai (5%).

Já os conteúdos mais consumidos por esse público são programas religiosos (83%, contra 46% dos não-evangélicos) e infantis (79%, contra 58%). Outros tipos de conteúdo têm menor consumo.

Black Consumers

O outro levantamento, o ‘Black Consumers’ revelou que cor e raça têm um impacto significativo nas decisões de compra dos consumidores. Cerca de dois terços dos consumidores afirmam que a cor ou raça influencia suas escolhas de consumo, com 22,57% dizendo que isso influencia muito e 26,10% razoavelmente.

Além disso, a falta de apoio à causa preta também influencia na relação com as marcas: 46% dos consumidores pretos já deixaram de comprar de uma marca por sentir falta de apoio ou desrespeito à sua causa. e 62% considera a presença de pessoas negras em uma empresa como um critério importante para escolher a marca.

Quase um terço desses consumidores preferem seguir influenciadores negros ou aliados à causa e caso se sintam desrespeitados, 56% dos consumidores pretos afirmam que apoiariam um boicote. Embora a maioria, 68,95% especificamente, acredite que a diversidade na publicidade tem melhorado, 35% ainda se sentem pouco ou nada representados.

Quanto a produtos e serviços, mais de três quartos dos consumidores acreditam que é importante que esses sejam adaptados para atender às necessidades dos consumidores pretos.

“Acho que tem uma regra muito simples quando a gente pensa pelo olhar do consumidor que é: ‘se eu não me vejo em algo eu não compro’. E eu tento também a dizer pro meu amigo, pro meu colega não comprarem também. É muito importante que as marcas comecem a olhar também pra ‘dentro de casa’, porque esse trabalho começa a ser feito de dentro pra fora”, avalia Ricardo Silvestre, CEO da Black Influence.

O executivo ainda alerta que o consumidor preto está cada vez mais atento sobre o comprometimento das marcas com a diversidade não só em campanhas, mas também como parte da estrutura do negócio. “O consumidor também está cada vez mais ligado. Ele adorou sua campanha, mas tem algumas pessoas pretas, quem fez? Como que tá o seu time? Existem pessoas pretas em posição de liderança? As pessoas pretas puderam contribuir criativamente pra essa campanha, ou é mais uma coisa mesmo pra acionista?”, apontou.

Foto de Patrick Fore na Unsplash