Estudo realizado pela Ipsos, e divulgado pela plataforma, mostra preocupação com direitos autorais e remuneração dos artistas

A Deezer divulgou um estudo global realizado pela Ipsos sobre percepções e comportamentos relacionados à música gerada por Inteligência Artificial.

A pesquisa ouviu 9 mil pessoas em oito países, incluindo Brasil, EUA, Canadá, Reino Unido, França, Holanda, Alemanha e Japão. Os resultados mostram que a maior parte dos entrevistados não consegue identificar quando uma faixa é produzida por IA. No teste aplicado, 97% erraram ao tentar distinguir músicas criadas por humanos das totalmente geradas pela tecnologia.

O levantamento também aponta apoio majoritário à rotulagem de músicas feitas integralmente por IA, além de preocupação com direitos autorais e com a forma como artistas e compositores serão remunerados no contexto de uso crescente da ferramenta.

Segundo a Deezer, cerca de 50 mil faixas 100% geradas por IA são enviadas diariamente à plataforma, representando 34% de todas as entregas diárias.

Percepções globais

O estudo mostra que 98% dos entrevistados já ouviram falar de IA, e 72% afirmam ter usado ferramentas desse tipo pelo menos algumas vezes. A curiosidade aparece como o sentimento predominante (55%), enquanto apenas 19% dizem confiar plenamente na tecnologia.

Quase metade (46%) acredita que ferramentas de IA podem ajudar na descoberta de novas músicas. Ao mesmo tempo, 51% avaliam que a tecnologia terá papel relevante na criação musical na próxima década, mas o mesmo percentual acredita que isso pode levar ao aumento de faixas genéricas e de baixa qualidade. Para 64%, existe risco de perda de criatividade no processo de produção.

No teste cego conduzido pela Ipsos, 97% não conseguiram diferenciar a música humana da música feita por IA. A descoberta gerou desconforto em 52% dos participantes. Apesar disso, 66% afirmam que escutariam uma faixa totalmente gerada por IA por curiosidade.

Entre os usuários de streaming, 45% gostariam de filtrar completamente essas músicas nas plataformas e 40% dizem que pulariam uma faixa produzida integralmente por IA caso identificassem esse tipo de conteúdo.

Direitos autorais, remuneração e transparência

A pesquisa aponta expectativas claras em relação à rotulagem. Oito em cada dez entrevistados (80%) defendem que músicas 100% geradas por IA sejam identificadas. Para 73%, essa distinção deve aparecer também nas recomendações das plataformas.

Mais da metade (52%) entende que músicas feitas por IA não devem entrar nas paradas ao lado de faixas produzidas por humanos; apenas 11% consideram que as duas categorias devam ser tratadas da mesma forma.

A maior parte dos participantes (65%) acredita que material protegido por direitos autorais não deveria ser usado no treinamento de modelos de IA. A preocupação se estende à remuneração: 70% enxergam risco para músicos, artistas e compositores atuais e futuros, e 73% consideram antiético gerar música com base em obras sem autorização expressa dos criadores.

Para 69%, os pagamentos de músicas 100% geradas por IA deveriam ser menores do que os de faixas criadas por humanos.

Resultados do Brasil

O Brasil segue o padrão global ao registrar 97% de erro na distinção entre música humana e música criada por IA. O país, porém, se destaca pelo grau de interesse: 76% demonstram curiosidade sobre o uso da tecnologia na música, o índice mais alto entre os oito mercados pesquisados. Além disso, 42% dos brasileiros dizem usar ferramentas de IA semanalmente ou com maior frequência.

Mais da metade dos entrevistados (62%) acredita que a tecnologia pode ajudar na descoberta de novas músicas e 59% avaliam que a IA terá papel significativo na criação musical nos próximos anos. Ao mesmo tempo, 60% apontam risco de perda de criatividade.

O Brasil também lidera a disposição para ouvir músicas geradas por IA por curiosidade, com 76%. Em relação à transparência, 77% defendem rotulagem clara e 76% querem saber se plataformas estão recomendando esse tipo de conteúdo.

No campo dos direitos autorais, 56% afirmam que material protegido não deveria ser usado para treinar modelos de IA e 65% veem ameaça à remuneração de artistas e compositores. Para 67%, é antiético gerar novas faixas sem aprovação do criador original.

Alexis Lanternier, CEO da Deezer, afirma que “a Deezer tem liderado o caminho na criação de soluções que promovem transparência e minimizam o impacto negativo do grande volume de conteúdo gerado por IA chegando à plataforma”.