Entre os 23 brasileiros, considerando jurados e presidentes de júri, há apenas um profissional negro, Angerson Vieira, diretor criativo da Africa
O anúncio dos jurados para a edição 2022 do Cannes Lions, na semana passada, deixou um gosto amargo para quem acredita e deseja ver mais diversidade na publicidade e nos grandes eventos do mercado. Entre os 23 brasileiros, considerando jurados e presidentes de júri, há apenas um profissional negro, Angerson Vieira, ECD da Africa.
“A atual composição do júri reflete a indústria”, afirmou o festival em resposta ao PROPMARK por e-mail. “No entanto, reconhecemos nosso papel na formação da agenda em torno da DEI [diversidade & inclusão] e na promoção de uma maior diversidade na indústria”, continuou.
Segundo a organização, o festival de 2022 reunirá as “mentes mais criativas do mundo” para abordar a falta de representação na indústria como um todo, globalmente. A programação deste ano, que tratará de temas considerados “prioritários”, como diverside e inclusão, seria um exemplo desta movimentação.
“Temos trabalhado com uma consultoria especializada em inclusão para revisar todos os processos sob a ótica da diversidade, equidade e inclusão. Este é um programa de trabalho contínuo que fará com que nossos júris sejam mais representativos da sociedade, ano após ano”, complementou.
Repercussão no mercado
Desde o anúncio, profissionais do mercado têm questionado a falta de diversidade étnico-racial. Agora, o coletivo Papel & Caneta lançou uma ação para que as pessoas pressionem e questionem Simon Cook, presidente do Festival, sobre a falta de representatividade entre os jurados brasileiros.
"As indústrias criativas e publicitárias no Brasil fizeram imenso progresso ao longo dos anos no que diz respeito à inclusão e ao empoderamento de profissionais criativos negros. Seria uma pena para uma organização internacional como o Cannes Lions não corresponder a esse progresso na seleção do júri", afirmam em carta-manifesto.
A iniciativa é apoiada pela Chapa Preta, do Clube de Criação, Publicitários Negros e AUÊ, hub criativo de impacto e inteligência cultural.