Plataforma de Elon Musk passou a permitir publicação de 'nudez adulta ou comportamento sexual'
Na semana passada, o X, antigo Twitter, passou a permitir a publicação de conteúdo adulto explícito, ou seja, na rede social de Elon Musk a 'nudez adulta ou comportamento sexual produzido e distribuído consensualmente', como informou o próprio X.
Em nota, o X disse que 'a expressão sexual, seja visual ou escrita, pode ser uma forma legítima de expressão artística'. "Acreditamos na autonomia dos adultos para se envolverem e criarem conteúdos que reflitam as próprias crenças, desejos e experiências, incluindo aquelas relacionadas com a sexualidade", informou parte da nota — leia aqui a íntegra.
Mas a oficialização de conteúdos adultos pode ter algum impacto nas estratégias das marcas que usam o X como um dos canais? Mayra Cordeiro, CCO da OMZ, acredita que deve haver um impacto, sim, nas estratégias das marcas.
"Imagine idealizar uma campanha, fazer investimentos em produção e mídia e suas mentions serem povoadas por perfis adultos divulgando vídeos e fotos impróprios?", questiona.
"Penso que esse posicionamento da rede os transformará em um canal voltado para marcas de nicho, ficando de fora dos grandes planos. E a perda de usuários tradicionais vai reduzir a eficácia das campanhas que dependem dessa base de audiência", disse a CCO.
Para Flavio Waiteman, sócio e CCO da Tech&Soul, a palavra final será sempre das marcas. "Sabemos que o uso desse tema será muito limitado, pois as empresas possuem nas redes sociais o mesmo tom de voz que têm nos outros canais. Agora, sem dúvida, a audiência do Twitter vai subir muito. Resta saber a audiência a qualquer custo valerá a pena", disse o colunista do propmark.
Rodrigo Terra, CMO da Monking, afirmou que conteúdos adultos é uma das temáticas mais consumidas do mundo, mas longe do mainstream da publicidade.
O executivo disse ainda que vê, por trás desse anúncio, uma forma de atrair novos inscritos "e reverter um tendência de saída em massa que vem acontecendo, independentemente da qualidade do conteúdo. Ainda há a questão política de usar grande bases como margem de manobra - o que, sabemos, é muito perigoso".
Equilíbrio
Marcelo Crespo, coordenador dos cursos de direito da ESPM e especialista em direito digital, acredita que muitas marcas deverão rever suas estratégias desempenhadas na plataforma de Elon Musk.
Mas ele alerta também para o surgimento de um novo nicho. "Trata-se de um equilíbrio que a empresa deve estar fazendo entre ganhar base e perder monetização", disse.
João Vitor Rodrigues, professor de marketing digital da ESPM, acredita que não deverá causar grandes impactos nas estratégias das marcas. O docente afirmou que o conteúdo pornográfico no X continuará circulando, sem qualquer relação com marcas que não sejam relacionadas com esse tipo de conteúdo.
"Para marcas, negócios e criadores de conteúdo que comercializam conteúdo pornográfico é possível que a mudança os favoreça, uma vez que estarão livres de restrições para promover esse conteúdo".