Área estratégica das agências tem carência de negros nas suas estruturas; projeto quer estancar desequilíbrio na publicidade
O primeiro encontro oficial da Academia Preta, projeto da VMLY&R, ocorreu na semana passada com participação de lideranças do Grupo de Atendimento e Negócios. Os dez alunos selecionados para a primeira turma têm interesse nessa área estratégica das agências, que conta com índice quase zero de profissionais afrodescendentes nos seus quadros.
A iniciativa didática tem por objetivo, como explica Valerya Borges, diretora de equidade, inclusão e pertencimento da VMLY&R, estancar estereótipos consolidados e abrir oportunidades para pretos com base no conhecimento. Valerya, que entrou no mercado publicitário por indicação, sonha com nova métrica para quebrar o paradigma do QI (Quem Indica), que não pode ser a chave para abrir portas a pretos no universo do atendimento e geração de negócios.
O primeiro grupo terá encontros semanais online e também presenciais. A conclusão do curso será em novembro. Para 2024, a ideia é ampliar o volume de participantes. Valerya destaca que neste ano o plano era receber 20 inscritos, mas, devido ao espaço disponível, foi necessário fazer adequação. A falta de networking não só esvazia como inibe as chances de as pessoas pretas disputarem posições em condições igualitárias.
“Uma das áreas que menos têm pessoas negras na publicidade é o atendimento. Por isso, queremos empretecer esse setor. Este projeto-piloto pretende mapear talentos que tenham aptidão para o setor de negócios e criar oportunidades para que conheçam o segmento e o nosso mercado, além de abrir a troca de experiências e o intercâmbio de saberes”, pondera Valerya, que tem estatística que comprova que muitos negros estudam comunicação, da publicidade às relações públicas, do jornalismo ao rádio e TV, mas vão trabalhar em outros setores da economia.