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Ao final das campanhas eleitorais do primeiro turno, sinto-me na obrigação, como homem de comunicação, de fazer alguns comentários sobre a legislação que rege tais campanhas e sua respectiva aplicação. A primeira observação diz respeito à assinatura das peças publicitárias.

Ao permitir, particularmente no rádio, a aceleração de todos os partidos de determinada peça publicitária, tornando incompreensível quem é o responsável pela informação, a legislação desconsidera um dos princípios mais importantes da comunicação: aquele que informa. O prestígio e o respeito do anunciante são fatores primordiais para a compreensão e efetividade  da comunicação.

O imbróglio sonoro permite ainda a acusação aos candidatos contrários, de forma anônima, sem responsabilidade de autoria. E sem consequências práticas de averiguação.

Outra consideração está direcionada à distribuição do tempo. Não entrando no mérito do critério utilizado, ao dedicar, por exemplo, 8” para um candidato é empurrá-lo para outros meios alternativos, tornando-o diferente.

A distribuição desigual do espaço político gratuito faz com que alianças sejam realizadas, visando prioritariamente o tempo de TV, numa errônea presunção de que somente GRPs são suficientes para se ganhar uma eleição. Tais alianças aliás, num efeito perverso, recaem nas assinaturas incompreensíveis assinaladas anteriormente.

 Outro ponto a considerar é a permissão de testemunhos de políticos presos. Tal permissividade fere, mais uma vez, a veracidade da comunicação. Já diziam as teorias clássicas de comunicação, que uma mensagem para ser compreendida precisa ser crível. É difícil acreditar num presidiário, por mais idolatria que exista.

Em síntese, há outros erros básicos de comunicação que contribuem para o descrédito da classe política e, sobretudo, perde-se uma oportunidade preciosa para com esses espaços “gratuitos”, auxiliar a formação política do povo brasileiro.

Sinto que a incapacidade da autocrítica, tão inerente a nós, é fator primordial para não avançarmos também neste quesito.

 Geraldo Alonso Filho é publicitário (geraldoalonso@me.com).