No dia 31 de dezembro, às 22h, depois de colocar meu filho Benjamin para dormir, escrevi um post no Facebook falando sobre o que penso do Ano Novo.

Eu adoro a virada do ano. Sempre viajei, curti com os amigos e com a família, tomei muito prosecco, vinho e coisa e tal. Dessa vez, virei da forma mais tranquila possível porque foi o meu primeiro Ano Novo como pai. Diante dessa “tranquilidade”, fiquei pensando muito no que o nosso País vem passando e como isso vem refletindo no nosso mercado.

Dizer que o mercado está mudando, que as coisas não são as mesmas, que o digital isso, o digital aquilo, pra mim não faz diferença nenhuma. TUDO MUDA, TODOS OS DIAS, O TEMPO TODO.  As mudanças são tão constantes e intensas quando acontecem que quando vamos ver, a coisa já mudou, já temos outra rede social do momento, já temos novos memes, já temos novas expressões e até nos sentimos estranhos de não saber daquilo. Já até estou esperando pedido de mídia de filmes para o Musical.ly.

Sou uma pessoa muito ligada e pilhada, tento ficar a par de tudo, assino milhares de newsletters, tenho feed no Facebook, tenho um app de feed de notícias, recebo milhares de notificações, tenho interesse em muitos assuntos, filmes, livros, séries, música etc. Nessa virada de ano, percebi, assistindo ao documentário Minimalism no Netflix, que isso só me torna cada vez mais ansioso e desesperado para saber de tudo e conseguir fazer tudo, coisa que, do ponto de vista humano, é impossível.

Tudo isso para voltar ao mercado, à situação, à ansiedade geral para a retomada, ao ponto final da crise. Sem crise a gente não cresce, seja na vida pessoal, interior ou profissional. O poeta precisa da dor, o músico precisa da experiência, o pintor precisa da sensação e, na maioria das vezes, a boa arte, assim como uma empresa de sucesso, não nasce da alegria, do bem-bom e da zona de conforto, mas sim, da luta, do suor, do desafio diário, da mudança diária, dos investimentos, das noites sem dormir, dos finais de semana trabalhando, das “loucuras” que as pessoas acham que você comete, enfim, de todas as atitudes que um empresário no Brasil deve tomar para seguir em frente com um sonho e torná-lo realidade.

Por alguns momentos me desanimei com a crise, olhei para frente e não via a luz no fim do túnel. Até que me enchi o saco desse pensamento (que nunca foi default pra mim) e quis ver quais os lenços que poderíamos vender, invés de ficar chorando por aí.

Poucos anos depois, a crise começa a sucumbir (como todas as crises tem um fim) e a coisa começa a melhorar para todos, mas o que eu vejo dessa crise é que foi um mar de oportunidades que a tecnologia e as novas empresas trouxeram para muitas pessoas, como a explosão de motoristas (ex-desempregados) em empresas como Uber, Cabify, 99Taxi, a explosão de imóveis disponíveis no Airbnb (muitas vezes elefantes brancos para famílias que não conseguem curtir sempre) e todas as mudanças positivas que a tecnologia nos trouxe.

Ouvi muitas pessoas falando em 2018 ser o ano da mudança, da retomada, mas, para mim, a maior verdade é que TODO DIA É DIA DE MUDANÇA, não importa o mês, não importa o ano. A mudança de ano é sim boa para revermos nossas metas, objetivos, traçarmos rotas e alinharmos o planejamento, mas nada me tira da cabeça que essa sensação de “Ano Novo” tem que ser diária.

Todos os dias eu me desafio como pessoa, como empresário, como artista, como músico, como marido, como filho, como pai, como sócio, como indivíduo. Todos os dias tento ser um pouco melhor, um pouco que seja por dia, para que no final do ano, nessa revisão de metas e de consciência, eu possa olhar pra trás e ver que cada pouco fez uma diferença enorme no todo.

Sim, estamos na retomada, sim, vamos acelerar, sim, temos mudanças tecnológicas acontecendo todo o tempo, sim, é o ano da mudança, sim, é o dia da mudança.

Acredito que se cada vez mais utilizarmos todas as ferramentas que a tecnologia nos trouxe para fazer o bem, trabalhar direito, com ética, honestidade e paixão, o mundo só pode caminhar para algo bom, caso contrário, poderemos viver alguns episódios a la “Black Mirror”, o que não seria muito bom, acho eu.

Eu faço votos que as pessoas prezem pelo bem maior que tem no mercado: as suas consciências. Pois sem elas, somos um bando de gente correndo sem destino e sem sentido.

Acredito que 2018 é o ano do trabalho íntegro, de acordos corretos e verdadeiros, de promessas cumpridas, de amizades, de prazer, de alegrias e de sustentabilidade. Acredito que 2018 é o ano da virada, assim como todos os anos devem ser. Acredito que se as pessoas pensarem em fazer o bem antes de qualquer coisa, assumirem erros, estarem disponíveis e prezarem pelos seus princípios antes de tudo, podemos ter uma retomada não somente de mercado e financeira, mas uma retomada ética e conceitual, para o bem.

Levam-se anos para construir uma marca e segundos para destruí-la. E o que fica é basicamente o que se preza e o que se mantém fiel a seus princípios e virtudes. 

Estamos adentrando uma época que pode ser magnífica, que pode ser incrível, se soubermos usar as ferramentas que estão ao nosso alcance. 

Mais do que uma retomada financeira, eu desejo essa retomada de princípios e virtudes que comentei, que não é fácil, que dói, e que tem consequências. Mas também tem suas recompensas, e que são muito melhores do que qualquer dinheiro vindo de forma não tão ética. 

Levantemos de nossas camas todos os dias, com paixão, sabendo que sempre teremos momentos de desânimo, com alegria, sabendo que a tristeza faz parte, com fé, sabendo que ela é uma construção diária, e façamos de cada dia desse ano e do próximo, uma vitória, em todos os sentidos. 

2018, o ano com 365 dias de mudanças.

Luciano Mathias, sócio e CCO da produtora TRIO