O Brasil foi o país do Brics – grupo composto pelas nações consideradas “de rápido crescimento”: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – que mais gastou com habitação, transporte e educação na última década, revela um estudo conduzido pelo Euromonitor e divulgado pelo Warc para identificar padrões de consumo no grupo. De 2003 a 2013, os gastos com habitação no país passaram de US$ 1,5 mil para mais de US$ 5 mil por domicílio – o dobro do valor registrado na África do Sul, o segundo colocado da lista.
No setor de transportes, os índices são parecidos. Há uma década, era gasto US$ 1 mil por domicílio, valor que passou a quase US$ 4 mil neste ano, fazendo com que o país ultrapassasse a África do Sul, então a primeira do ranking nesta categoria. O país já era o que mais gastava em educação em 2003, mas mais que dobrou o valor durante a década, que passou de US$ 500 para US$ 1,200 por domicílio, enquanto os demais mercados mantiveram um nível estável, porém abaixo da linha dos US$ 400.
Outros setores em que o Brasil registrou aumento significativo de consumo são alimentação, lazer, turismo e saúde, tendo crescimento menos expressivo no segmento de bebidas alcoólicas.
Tendências
Apesar de mostrar o desenvolvimento do consumo no Brasil, o estudo “How Brics consumers behave” (“Como os consumidores do Brics se comportam”, em tradução livre), também identificou padrões que valem para todos os cinco países que compõem o grupo. De acordo com o estudo, houve crescimento econômico sustentado durante a última década, o que levou à expansão da base de consumidores e, consequentemente, a um nível de consumo mais elevado em todas as categorias. Além disso, o consumidor tornou-se mais conectado, usando dispositivos móveis e a internet com mais frequência; e mais exigente, demandando mais conveniência e sofisticação em seus hábitos.
Ainda de acordo com o Euromonitor, as áreas de alimentação e habitação são as que mais concentram os gastos dessa populações, embora os setores de transportes, roupas, lazer, comunicações e educação também tenham registrado crescimento significativo. O relatório dá ainda especial ênfase à importância dos investimentos em educação, essenciais para a ascensão dos consumidores situados nas classes sociais menos favorecidas.
Previsões
Com os mercados do Brics em crescimento e a economia da Europa e dos Estados Unidos estagnada, os países emergentes continuam a melhor opção de investimento para que as multinacionais ampliem sua base de consumidores, aponta o relatório. O Euromonitor prevê que a renda per capita desses mercados deve crescer nos próximos anos e a classe média consumirá ainda mais, destinando cada vez mais dinheiro para necessidades não básicas, como turismo, eletrônicos, alimentação não-doméstica e produtos de beleza.