Em série de filmes, cães e gatos 'falam' e pedem análise justa do Cade sobre fusão entre Cobasi e Petz

O Instituto Caramelo lançou uma campanha nas redes sociais que chama a atenção para os riscos da concentração de mercado no setor pet, após a possível fusão entre as redes Cobasi e Petz.

Atualmente em avaliação pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), a ONG leva o debate ao público com filmes, que, inteiramente produzidos com inteligência artificial trazem cachorros e gatos como protagonistas e narradores da própria causa.

Segundo dados da própria ONG, em 2024, o Instituto Caramelo resgatou 358 animais. Só no primeiro semestre de 2025, foram 209 acolhimentos. A principal causa apontada é a dificuldade financeira dos tutores.

Para o Instituto, o problema que pode se agravar caso a fusão resulte em aumento de preços em produtos e serviços essenciais, como ração, consultas veterinárias e vacinas.

Outro estudo da Go Associados, assinado por Gesner Oliveira, ex-presidente do Cade, projeta alta mínima de 5% nos preços caso a fusão se concretize, especialmente fora dos grandes centros urbanos, onde o domínio das megastores é mais forte.

As peças simulam depoimentos em primeira pessoa dos próprios animais, que alertam para os possíveis efeitos da união entre as duas gigantes do setor. A campanha é acompanhada pela hashtag NãoAoMonopólioPet.

Além dos vídeos, o Instituto Caramelo convida veterinários, tutores, comerciantes e defensores da causa animal para pressionar as autoridades por meio de manifesto virtual.

"Esse é o movimento mais drástico da história do mercado pet no Brasil, mas quase ninguém está falando sobre! Por isso, pensamos numa comunicação grandiosa para chamar atenção e conscientizar as pessoas dos impactos devastadores que esse monopólio vai ter na vida de todos que amam e cuidam de pets no Brasil", explica Marília Lima, responsável técnica do Instituto Caramelo.

"A campanha não é contra as empresas, e sim pelo bem dos animais. E, para isso, é necessário um mercado competitivo, de preços justos. Estamos usando a criatividade e a tecnologia para tornar esse debate acessível e mobilizar as pessoas antes que seja tarde demais", conclui Marília.

Cobasi e Petz

Em nota, a Cobasi e a Petz disseram que as informações são incorretas e, no entender deles, distorcem a análise realizada de forma isenta e técnica pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica.

Leia abaixo a nota na íntegra:

"A respeito da campanha promovida pelo Instituto Caramelo, Cobasi e Petz entendem que as informações passadas são incorretas e distorcem a análise realizada de forma isenta e técnica pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), que consultou o mercado amplamente e utilizou as melhores práticas para obter uma visão completa da situação, concluindo que a operação não prejudicará a concorrência no setor. As empresas lembram ainda que o market share combinado das duas companhias é de aproximadamente 10%.

O Instituto Caramelo é patrocinado pela Petlove, concorrente direta das companhias e parte interessada na reprovação da operação. O fundador da Petlove, Márcio Waldman, é também conselheiro do Instituto Caramelo. Esta tentativa de interferência em um processo técnico desvirtua a intenção original do Instituto, de cuidado com os pets abandonados.

A Cobasi mantém desde 1998 o programa Cobasi Cuida. São mais de 200 mil animais amparados desde o início do projeto, mais de 8 milhões de refeições doadas e 190 ONGs apoiadas em todo o Brasil. Já a Petz desenvolve o Adote Petz, o maior programa privado de adoção de cães e gatos do país, responsável por 85 mil adoções desde sua criação em 2007 sendo 3.500 só neste ano. Só no ano passado, a Petz doou R$ 6,9 milhões em produtos e refeições, serviços veterinários e apoio em ações sociais para as 137 ONGS apoiadas pelo programa.

Ambas as iniciativas demonstram que a atuação das empresas vai muito além dos animais tutelados, alcançando também aqueles que ainda esperam por um lar. As empresas reforçam o seu compromisso com o mercado, com os tutores e com os pets abandonados".