Vice-presidente de comunicação e marketing da Apple, Creative Marketer of the Year, abre a agenda de conteúdo do festival
A marca mais valiosa do mundo, estimada em US$ 574,5 bilhões, segundo ranking da consultoria Brand Finance de janeiro de 2025, abriu a agenda de conteúdo do Cannes Lions, na manhã desta segunda-feira (16). O festival vai até o dia 20 de junho, na França.
A trilha ‘Creative impact’ recebeu Tor Myhren, vice-presidente de comunicação e marketing da Apple, eleita Creative Marketer of the Year. Em 2024, a Unilever foi agraciada com o título, após dois anos consecutivos, 2022 e 2023, liderados pela Anheuser-Busch InBev. A última vez que a empresa de bens de consumo conquistou a homenagem foi em 2010.

A Apple já ganhou o título duas vezes. “É uma marca icônica, com liderança estratégica e ideias brilhantes, premiadas nos últimos anos, que exemplificam a sua criatividade”, comenta Simon Cook, CEO do Lions, na abertura do painel. “A criatividade está mudando rápido. Mas as pessoas são muito melhores do que as máquinas. A inteligência artificial vai revolucionar o que fazemos. Traz mudança e também medo”, admite Myhren.
No entanto, a marca da maçã não comete o pecado de aterrorizar a indústria da comunicação. “IA não vai matar a publicidade. Tornará a criatividade ainda mais especial”, sentencia. A estratégia é chegar ao coração das pessoas.
Com aproximadamente dois minutos, a campanha “Heartstrings” - lançada no Natal de 2024 - evidencia o quanto a propaganda pode bater fundo na emoção. A ação mostra um pai com perda auditiva que, ao utilizar o recurso de audição assistida Hearing Aid, da linha AirPods Pro 2, passa a ouvir a música que a filha toca ao violão, revivendo todos os momentos da vida da garota - desde o primeiro instrumento que ela ganhou de presente.
“A Apple sempre construiu marca com base em seus valores, e um deles é a acessibilidade. A propaganda é uma indústria movida a uma criatividade que comove as pessoas”, lembra Myhren.
Segurança
A privacidade é outro pilar da empresa, tida como uma questão de “direitos humanos”, defende Myhren. O executivo recorda a campanha “What happens on your iPhone, stays on your iPhone”, lançada há cerca de sete anos. Mais recente, a ação “Your browsing is been watched”, intensifica os esforços para levar segurança aos amantes da marca. O filme mostra o sobrevoo de drones - na linguagem FPV (First-Person View) - que transmitem a mensagem “Privacy on iPhone — Simple as that”. “É um conceito profundamente humano”, ressalta Myhren.
Já os recursos de realidade virtual (RV) colocam as pessoas dentro das histórias. “A publicidade precisa reproduzir os momentos da vida”, reforça o executivo. Outro exemplo é ‘Severance’, campanha que integrou uma experiência real, em janeiro de 2025, quando um cubo de vidro foi montado no espaço central da Grand Central Station, em Nova York (EUA), com atores interpretando funcionários da Lumon Industries (“Severance”).
Com ‘Shot on iPhone’, a marca celebra dez anos de histórias contadas com a sua câmera. “Acredito na criatividade humana, que tem a capacidade de fazer chorar, sorrir, se apaixonar, e de endereçar soluções para os negócios ”, comenta Myhren. Ele insiste no papel da IA como aliada. “Vivemos um momento fascinante. A IA é o parceiro que nunca tivermos”.
“Faça algo incrível e divulgue-a. De alguma forma, com amor e cuidado, algo pode ser transmitido. E esse é o jeito de expressar para todas as espécies a nossa profunda apreciação”. A frase dita há mais de 30 anos por Steve Jobs, fundador da Apple, encerrou o painel de Myhren. “Use o seu coração para fazer algo maravilhoso”, sugere.