Ele estará cada vez mais presente em eventos como o Cannes Lions e no mundo dos negócios

O Greenpeace escolheu o Cannes Lions para suas ações ativistas. Invadindo o palco de premiações do festival ou mesmo usando guindastes para penetrar no evento, a ideia da instituição é incomodar a indústria da comunicação, lutando para banir a propaganda de combustíveis fósseis.

Em paralelo, a ativista Malala foi homenageada com o prêmio especial LionHeart e se apresentou num dos painéis do evento, enaltecendo o papel de ativistas da geração Z, como a sueca Greta Thunberg e a ugandense Vanessa Nakate. Esse ativismo às vezes incomoda, outras vezes é enaltecido, dependendo da forma e da contundência, mas uma coisa é certa: ele estará cada vez mais presente em eventos como o Cannes Lions e no mundo dos negócios.

A sociedade conta com as marcas para preencher o vácuo deixado pelos governos no que diz respeito à luta por um mundo mais justo, sustentável e inclusivo. Espera-se mais das marcas do que produzir bons produtos, a preço justo: espera-se ativismo. Vejamos os cases premiados no dia de ontem.

Em Creative Business Transformation, a produtora de abacaxis Dole Sunshine se juntou com a marca Ananas Anan e criaram uma fibra derivada das folhas da planta do abacaxi. Assim, as folhas que eram jogadas fora, se tornaram matéria prima para uma espécie de couro vegetal e fibra para produzir roupas, ganhando o nome de Piñatex.

Na categoria Creative Effectiveness, a AB Inbev, por meio da cerveja Michelob Ultra, estimulou produtores de insumos para produção de cerveja a tornarem sua produção orgânica, comprometendo-se a comprar seus produtos pagando 25% mais, até que a transição de 3 anos se complete. Já a Decathlon ajudou presidiários a praticar ciclismo virtual, fazendo-os mais ativos e participativos, por meio de um game de e-cicling. Case que ganhou Grand Prix na categoria Creative Strategy.

E na categoria Brand Experience & Activation, a Vice Media hackeou o British Museum, criando um filtro no Insta que, junto com um sistema de áudio, usando Realidade Aumentada, permitiram visitantes do museu saberem a verdade sobre peças expostas, retiradas à força dos países de origem, na época colonial inglesa.

Tudo isso é ativismo. É ESG na veia! Não há mais como escapar! As marcas não conseguirão ficar passivas e alheias às demandas da sociedade. O bom é que podem usar e abusar da criatividade para praticar um bom criativismo (ativismo criativo). O Cannes Lions mostra que isso é possível.