Está sendo muito empolgante a 70ª edição do Cannes Lions Festival Internacional de Criatividade.
Sobretudo porque traz mais holofotes para os anunciantes e o seu papel estratégico para a indústria da comunicação em questões sensíveis como o papel feminino sem rótulos.
A indústria do marketing tem cada vez mais mulheres assumindo posições no C-Level. Que ótimo!
Por meio dessas executivas, os caminhos para o desenvolvimento de ideias, aplicáveis às necessidades das marcas, fica ainda mais factível.
É instigante ver anunciantes combinarem - e exigirem - criatividade com resultado. Que é o que realmente importa. Mas com respeito e com publicidade não discriminatória.
Só com esse olhar, haverá excelência e crescimento sustentável dos negócios.
Problemas fazem parte do dia a dia, mas com a paciência, propósito e resiliência, controvérsias e divisões serão afinadas pelo diapasão da criatividade.
Marketing não é uma zona de conforto. Aceita provocações e responde com a firmeza necessária por saber que pode transformar, ser disruptivo e antecipar cenários.
Muitas vezes um posicionamento não recebe adesão imediata, não é mesmo? Essa aderência pode levar tempo. No entanto, uma marca não pode abrir mão dos seus valores diante de alguma insatisfação.
Manter personalidade agrega valor e proporciona a empatia dos shoppers que podem se identificar com o discurso mercadológico de uma marca, que nunca vai ser unânime, ou apenas com o seu conteúdo do produto.
Criatividade nessa era de dados tão fartos requer metodologia. Os insights vão permanecer no blend de uma jornada criativa, mas são apenas o ponto de partida para a montagem desse lego.
A publicidade não é mais o comercial de 30 segundos, há muito tempo. Ela vai além. Para conectar pessoas e envolvê-las com o propósito da marca.
Marca feminista, a L’Oréal está encorajando cada mulher a expressar sua própria versão da feminilidade. E o Cannes Lions é onde essa visão ganha alcance global. Na manhã desta quarta-feira (21), a executiva Asmita Dubey, Chief Digital and Marketing Officer e integrante da Comissão Executiva do Grupo L'Oréal Paris, associada da ABA, esteve em um dos palcos do Palais des Festivals para expor essa determinação.
"Because You're Worth It" como ponto de partida, Blanca Juti, Diretora de Assuntos Corporativos e Engajamento da L'Oréal e Laura Simpson, Diretora de Inteligência do McCann Worldgroup e Presidente da Truth Central, discutiram o papel que as marcas e a criatividade podem desempenhar na formação da percepção, na condução da representação e na mudança da cultura.
A sessão foi moderada por Daryl Lee,
CEO Global do McCann Worldgroup, na qual conversaram sobre se a percepcao de valor mudou muito em 50 anos e o que significa ser uma mulher de valor ou uma pessoa de valor em 2023
Cannes também teve o seminário “Smashing stereotypes” com a participação da atriz e ativista Danai Gurira, estrela do filme “Pantera Negra”.
Mulher é produtiva, com olhar aguçado para acelerar questões que a sociedade civil muitas vezes se inibe na busca de solução.
O debate “Quebrando Estereótipos” teve participação decisiva de Aline Santos, brasileira, VP global de marketing e líder de diversidade e inclusão da Unilever. Ela enfatizou que mulher não é objeto, mas um ser vivo com opinião, ponderação e poder de articulação. A ABA, em parceria com a associada Unilever, trouxe para o Brasil em 2017 a organização não governamental Unstereotype Alliance (Aliança sem Estereótipos). Que propõe uma relação da representatividade responsável na publicidade. Isso significa que estereotipar não leva a lugar algum.
Muito orgulho do alinhamento da ABA à essa questão. Afinal, sem clichês, sem determinismos restritivos, o mundo será mais factível, flexível e humanizado.
Eu acredito e luto por isso!
Sandra Martinelli é CEO da ABA (Associação Brasileira de Anunciantes) e membro do Executive Committee da WFA (World Federation of Advertisers)