Um levantamento realizado pelo Gloob desvendou o que pensam crianças das classes A, B e C sobre futuro, sonhos e comportamentos. A pesquisa ouviu 600 crianças e 400 pais e mães de filhos com idades entre 6 e 9 anos.

A pesquisa resultou na divisão de dois perfis: crianças ativistas, que desde cedo lutam pelo que acreditam e/ou sonham e crianças empreendedoras, que botam em prática suas ideias em possibilidades de negócios que transformam o presente.

Luciane Neno, gerente de marketing e plataformas digitais da Unidade Infantil do Grupo Globo, explicou os objetivos da pesquisa. “Um dos principais desafios das marcas, hoje, é a conexão com o consumidor num mundo em constante transformação tecnológica. No caso dos nossos canais – Gloob e Gloobinho – existe ainda uma outra variável nessa equação, que é o fato de termos um público cíclico, em constante renovação. Investimos em estudos sobre a infância com a premissa de entender o nosso público, o que é fundamental para o sucesso de todas as nossas iniciativas”, diz.

Luciane Neno, gerente de marketing e plataformas digitais da Unidade Infantil do Grupo Globo (Divulgação/Ju Coutinho)

“Todo o ano, escolhemos um tema para debruçarmos e desenvolvemos um estudo proprietário. Essas pesquisas, por sua vez, são apresentadas ao mercado e também estão disponíveis na Plataforma Gente, que reúne estudos e insights dos canais pagos do Grupo Globo. […] O intuito é que esse conhecimento esteja disponível não só para o mercado, como para toda a sociedade. Os estudos também são oportunidades para conscientizar o mercado, abrir o diálogo com parceiros estratégicos e esse movimento tem ainda o potencial de alavancar o negócio”, complementa.

Dados

Os indicadores mostram que 89% das crianças acreditam que podem fazer algo para mudar alguma coisa importante no mundo. Elas se mostraram mais sensíveis a temas como: moradores de rua, maltrato aos animais e discriminação de cor e raça, enquanto foram menos impactadas por temas como veganismo, direitos iguais entre meninos e meninas e poluição de automóveis.

Para 94% delas, não tratar mal alguma pessoa é um tema a ser debatido com os adultos, assim como não dirigir depois de beber (93%), respeitar a velocidade do trânsito (92%), não falar no celular dirigindo (92%), parar de fumar (91%), não deixar a torneira aberta ao escovar os dentes (90%), apagar as luzes quando sair de algum lugar (88%), não furar fila (87%), separar o lixo reciclável (85%) e não falar ao celular quando estão na mesa (78%).

Além destes temas, elas estão atentas à publicidade e, para Luciane, precisam ser vistas como mais do que “seres em desenvolvimento”. “Assim como nós, adultos, elas também são agentes sociais, indivíduos com quereres e potencial para transformar o seu entorno. Um dado trazido pelo estudo e que comprova essa afirmação é o fato de que 89% das crianças entrevistadas acreditam que podem fazer algo para mudar alguma coisa importante no mundo. […] O mercado publicitário ganha a partir do momento em que se aprofunda no conhecimento sobre o universo infantil e entende como se conectar de forma genuína com elas, construindo mensagens relevantes para essa geração empoderada. E, por que não, até mesmo cocriando com elas”, aponta.

Consumo

De acordo com a pesquisa, 72% das crianças consomem vídeos de tutorial na internet, seguidos de streaming de games (67%), unboxing (59%), música ou dança (56%) e crianças que ajudam quem precisa (52%). A tela preferida para 74% é o celular, enquanto 69% veem TV, 36% usam o tablet e 44% o computador.

“Além de superconectada e tecnológica, essa nova geração demonstra preocupações relevantes, seja no âmbito social ou ambiental. Não podemos prever o futuro ainda, mas levando em conta que já são atentas para os problemas da sociedade e que, cada vez mais, os consumidores buscam na relação com as marcas pontos em comum aos seus próprios valores, nossa aposta é que serão ainda mais conscientes, encarando o consumo como uma extensão dos seus valores. Para as marcas, cabe buscar, também, essa humanização com o intuito de estarem alinhadas às demandas da sociedade. Nesse cenário, o propósito passa a ser uma prioridade”, defende Luciane.

Pais millennials

Os dados indicam que os pais das crianças são millennials e, em sua maioria, acreditam que são bons pais e boas mães no comparativo com os seus. No entanto, também acham que é muito mais difícil criar um filho hoje em dia. Se cobram, se culpam, se esforçam para participar de forma adequada da rotina dos filhos e dizem consumir vídeos junto com eles.

Os indicadores demonstram que 87% dos pais apresentam algum comportamento superprotetor e 69% deles estimulam que seus filhos sejam os melhores no que fazem, encorajando a competitividade.

Eles superprotegem em casa e opinam sobre as pautas da escola, 39% acham que o colégio deve ter educação sexual e 52% acham que a escola deve ter ensino religioso. Apesar de as crianças estarem superprotegidas, estão superconectadas. Elas captam sons, imagens, palavras, gestos, intenções e ações. Elas se inspiram muito em outras crianças e jovens ativistas.

“Não é novidade que as crianças têm um papel de influência no consumo das famílias. Nesse último estudo, percebemos um movimento em que elas começam a inspirar hábitos de consumo mais conscientes dentro da família e no seu entorno. A partir do convívio com elas, surgem reflexões que, muitas vezes, não são novas, mas se tornam urgentes quando parte das crianças. Os pais do Filipe, de sete anos, são um exemplo disso. Após se conscientizar na escola sobre o problema da poluição causada por plásticos, o garoto – um dos participantes do documentário que apoia o estudo – foi capaz de sensibilizar seu entorno e promover mudanças de hábitos significantes na rotina da sua casa. Agora, na hora das compras, as sacolinhas plásticas foram abolidas e a família reduziu a quantidade de descartáveis utilizados em casa”, aponta.