MARINA OLIVEIRA, de Las Vegas

Quem circula por Las Vegas desde o início da semana tem a atenção disputada não apenas pelo brilho das luzes e máquinas dos cassinos, mas também pelas diversas atrações da CES 2020.

Além da feira, que reúne as principais multinacionais e startups do setor de tecnologia, outra importante programação da CES é o ciclo de painéis, que acontece no luxuoso hotel Aria em paralelo às atividades do centro de convenções.

Os bate-papos reúnem executivos de mídia, agências de publicidade, redes sociais, anunciantes e criadores de conteúdo para discutir tendências e novidades do mercado de comunicação.

Este ano, o PROPMARK acompanhou alguns desses debates que discutiram temas ligados à comunicação, mídia e tecnologia. Acompanhe as reportagens sobre a programação da CES aqui.

O primeiro deles foi o Futuro da parceria entre marcas e influenciadores, que reuniu executivos do Pinterest, Bleacher Report, Story Worldwide, Ad Council, Northhighland e Revolt Media & TV e foi mediado pelo presidente e CEO da Wunderman Thompson Califórnia, Andrew Solmssen.

Painel reuniu executivos do Pinterest, Bleacher Report, Story Worldwide, Ad Council, Northhighland e Revolt Media & TV e foi mediado pelo presidente e CEO da Wunderman Thompson Califórnia, Andrew Solmssen
(Marina Oliveira)

Para eles, daqui para frente será possível notar mudanças na forma de se relacionar com os influenciadores e figuras como as Kardashian Jenner ou grandes astros de Hollywood.

“O jogo mudou, mas as regras de usar grandes e pequenos nomes para criar conexão emocional ainda não”, apontou Solmssen. Para ele, é preciso criar uma experiência que aproxime a marca desses influenciadores sem distanciar os consumidores dos produtos.

“A tecnologia tem nos ajudado, mas em algum momento a coisa mudou e parece que a tecnologia foi quem virou o produto. Assim como a tecnologia, o melhor influenciador deveria ser ‘invisível’ porque é nosso dever criar experiências para as pessoas e deixá-los com uma impressão positiva. Nós sabemos que isso muitas vezes não acontece”, afirmou.

Outra tendência apontada pelos executivos é que as marcas estão ficando mais confortáveis em ficar em segundo plano nas campanhas para dar lugar às experiências. Por isso, estão investindo em branded content, mas sem necessariamente serem a principal atração dos programas, posts, webseries e outras formas de mídia.

“Há um desejo da marca de ser uma espécie de herói nos anúncios, mas começamos a ver as marcas falharem neste propósito. Por isso acredito que elas estão começando a perceber o benefício de se posicionar de outra forma: não é sobre você, mas sobre os valores e benefícios que você pode prover, as emoções que pode causar”, disse Jason Jercinovic, vice presidente de tecnologia da Northhighland.  

Para Angela Turner, SVP affiliate & consumer marketing da Revolt Media & TV é importante que a marca tenha em mente que ela sozinha não é especial. É preciso ser autêntica e verdadeira. “Com autenticidade você constrói parcerias que importam, com a marca, com a plataforma, com os usuários”, defendeu.  

Uma das preocupações dos executivos para 2020 é a “cultura do cancelamento”, onde um posicionamento equivocado de uma marca pode acarretar boicotes e represálias dos consumidores. O remédio, segundo os executivos, é a autenticidade e honestidade na comunicação.

Até por isso, a ordem continua sendo cocriar narrativas em conjunto com os influenciadores, que agora passam a ser chamados de outras formas: criadores, talentos, disseminadores de conteúdo etc.

Além de reforço no trabalho com dados, é preciso aliar emoção e fazer as pessoas entenderem as histórias contadas pelas marcas, o porquê de elas existirem e qual o impacto delas em suas vidas para prosperar na criação de conteúdo.

A importância do hip-hop

Um dos destaques do painel foi a presença de histórias de sucesso de marcas aliadas ao esporte, com foco no basquete e, também ao hip-hop. Angela afirmou que há uma comunidade importante de consumidores chamada de geração hip-hop.

“Nós investimos um bom dinheiro em pesquisas para entender o comportamento desse consumidor e podemos afirmar que o hip-hop mudou a cultura pop do mundo. Todos neste painel falaram de forma apaixonada sobre artistas, música, cultura, tênis, esportes e, todas essas coisas são do universo hip-hop. Acho que em 2017 o número um de downloads em plataformas de música já era o hip-hop e continuamos em primeiro lugar”, vaticinou.      

“Estamos agora criando uma nação que se identifica pelas coisas que têm em comum e não pelas suas diferenças e o que compartilhamos e comentamos é a cultura da música”, apontou.

Para Solmssen, essa foi “a década do hip-hop”. “Sim, é só você ver os cadernos de cultura dos principais jornais dos Estados Unidos, são páginas e páginas falando sobre Beyoncé, Kendrick Lamar etc. ou seja, o hip-hop mudou a última década e vai ajudar a estabelecer quais vão ser as próximas tendências dessa década que inicia agora”, complementou, Angela.