As marcas de comida e bebida do Reino Unido estão se valendo de uma brecha na legislação para anunciar na internet produtos que não podem ter sua comunicação veiculada na TV devido às leis de publicidade infantil no país. E a principal ferramenta usada para isso são os advergames.
Uma pesquisa da Universidade de Bath aponta que os advergames – jogos online criados pelas marcas – são amplamente usados para divulgar produtos com altos níveis de sal, açúcar e gordura, uma vez que a publicidade desses itens foi proibida nos programas de TV infantis. Como a lei aponta restrições somente para a televisão, os jogos foram a alternativa encontrada pelas marcas para chegar ao seu público-alvo.
O estudo aponta também que consumidores de até 15 anos não reconhecem advergames como anúncios, e sim como jogos para diversão. Como os games são persuasivos e interagem com as crianças em nível emocional, eles podem representar um problema na mudança de comportamento e do consumo dos jovens. De acordo com a WFA (sigla em inglês para Federação Mundial de Anunciantes), as crianças europeias veem 31% menos anúncios de produtos do tipo na programação da TV que nos últimos anos, resultado de um esforço conjunto das autoridades e das empresas para mudar esse panorama publicitário e evitar o endurecimento das regras em torno da publicidade infantil.
Os autores do estudo, porém, alertam que as leis não devem se restringir somente à televisão e devem abordar também as mídias digitais. A Universidade de Bath recomenda que os órgãos regulatórios do Reino Unido passem a classificar também os advergames e a debatam quais técnicas devem ser legalizadas para anunciar produtos alimentícios às crianças. No Brasil, também não existe uma legislação que forneça parâmetros para esse tipo de estratégia publicitária.
Domínio da TV
A preocupação dos britânicos diz respeito à internet devido às alternativas que o meio digital apresentou aos anunciantes, mas a TV ainda deve ser a principal preocupação no que concerne a publicidade infantil, já que permanece como o meio mais consumido pelas crianças. Um estudo da Nielsen do último trimestre de 2013 aponta que nos Estados Unidos os consumidores de até 11 anos assistem a 111 horas de televisão tradicional por mês. Além disso, esse grupo passa mais de 9 horas mensais assistindo a DVDs e outras formas de vídeos sob demanda.
Quando colocada em comparação a outras mídias eletrônicas, a TV também aparece como favorita na pesquisa do Joan Ganz Cooney Center. Em média, os americanos de dois a 10 anos passam 1h20 por dia assistindo televisão e menos de 20 minutos no computador, com videogames ou em dispositivos móveis.