Segundo pesquisa realizada em parceria com a AlmapBBDO, 39% dos empreendedores LGBTQIAP+ veem a vivência como oportunidade
A segunda edição do Contaí 2022, evento voltado para negócios e empreendedores LGBTQIAP+, aconteceu nesta segunda-feira (11), no Hotel Unique, em São Paulo. A iniciativa é organizada diversitech Nhaí, fundada por Raquel Virgínia.
De acordo com a executiva, o evento já impactou, diretamente, 2 mil empreendedores da comunidade desde a sua primeira edição.
"Eu sinto que estamos começando a construir uma comunidade que, de fato, dialoga e empreende LGBTQIAP+. Criar uma comunidade é muito difícil e aqui nós estamos criando uma que empreende e é LGBTQIAP+", afirmou a CEO da Nhaí ao PROPMARK.
Durante a programação, foi apresentado a pesquisa "Empreendedorismo LGBTQIAP+: o desafio da oportunidade", patrocinada pela AlmapBBDO, que apresentou dados do cenário do empreendedor LGBTQIAP+ no Brasil.
A dor como oportunidade de negócio
Durante um dos painéis do Contaí 2022, Raquel Virginia destacou como as dores e estigmas da comunidade LGBTQIAP+ podem se tornar oportunidades de negócios para essa parcela da população.
Segundo o estudo, 39% dos entrevistados afirmaram que serem parte da comunidade se transformou em uma oportunidade para empreender.
"As nossas dores e estigmas sobre a comunidade LGBTQIAP+ podem se tornar oportunidades. Eu aprendi a ganhar dinheiro por ser uma pessoa trans, negra e transformar isso em uma oportunidade. Isso pode mudar todo o mercado brasileiro", ressaltou a executiva.
Além disso, os dados também apontaram que 56% dos entrevistados se inspiram em algo ou alguém para começarem a empreender. Destes, 35% afirmaram se inspirarem em empresas que apoiam a causa LGBTQAIP+, 26% em outros empreendedores e/ou influenciadores e 25% em amigos e/ou família.
O estudo como ponto de partida
Outro dado apontado pelo levantamento é que 62% dos empreendedores LGBTQIAP+ afirmaram que estudam para empreender, sendo que 75% assistem vídeos, 63% procuram informações em sites, 61% busca por cursos virtuais e 54% fazem cursos complementares.
De acordo com o estudo, os empreendedores estudam e pesquisam sobre o mercado para identificar o melhor nicho para atuação e, na hora de escolher em qual iriam atuar, 32% escolheu fazer algo que já gostavam, 21% pesquisou o mercado nas redes, 14% já atuava na área e 10% percebeu uma carência naquele tema no mercado.
Além disso, os dados apontaram que o principal ramo de negócio da comunidade está concentrado no mercado de moda e beleza (42%), seguido pelo setor de tecnologia (22%) — como TI, vendas de uma forma geral, Personal Organizer, design —, promoção de eventos e bebidas (5%), produção de conteúdo para mídias sociais (4%), educação virtual (3%). Cerca de 3% se tornam influenciadores virtuais.
Rede de apoio
A pesquisa apontou que a rede de apoio de familiares e amigos é o maior aliado dos empreendedores LGBQIAP+. Segundo os dados, 35% começou no mercado com a ajuda de recursos familiares, seguidos por financiamento em bancos formais (16%), sócio investidor (14%), investidores externos (6%), financiamento em ONGs (4%), incubadores (2%).
Além do financeiro, os dados mostraram que a rede de apoio também ajudou a dar uma guinada no negócio, trazendo mais clientes, indicando colaboradores e ajudando na gestão do empreendimento.
Em relação às instituições, a maioria dos empreendedores da comunidade afirmaram não terem recebido nenhum apoio de instituições, sejam privadas ou públicas.
A pesquisa foi realizada com uma metodologia On the Go, via mobile e com o uso de chatbots. Ao total, o estudo ouviu 184 empreendedores LGBTQIAP+, de 18 a 55 anos.
Um shopping no metaverso
A segunda edição do Contaí 2022 também foi marcada pelo lançamento do Marsha Marsha Shopping: o primeiro shopping LGBTQIA+ no metaverso, idealizado por Virgínia e pela Iara Land.
O nome é uma homenagem à Marsha P. Johnson, mulher trans e ativista americana, protagonista dos atos conhecidos como Revolta de Stonewall, em 1969.
"[Com a pesquisa] A gente entendeu que a maioria das pessoas LGBTQIAP+ que empreendem, empreendem e escalam os seus negócios no ambiente digital e entendemos que a maior parte dessas pessoas não tem um espaço físico para conseguir articular os seus negócios e vender os produtos, então pensamos em reunir isso tudo em uma plataforma digital decidimos pelo metaverso", concluiu a CEO da Nhaí.
O Marsha Shopping está previsto para ser lançado no primeiro semestre de 2023, com acesso híbrido: os consumidores poderão se conectar com óculos de realidade virtual, por computador ou celular.