Fotos: Oneinchpunch/iStoock e Divulgação

Mais do que uma palavra da moda, startup ultrapassou o significado de empreender. É preciso carregar inovação e ter o valor agregado da tecnologia. A cidade de São Paulo, por assim dizer, é uma espécie de meca desse novo comportamento empresarial, embora não seja uma exclusividade sua. Lançado há 15 meses com plano primário de alavancar negócios de empreendedores digitais, o Cubo Coworking é uma iniciativa do Banco Itaú, sócio-mantenedor e principal provedor com parceria do fundo de capital Red Point eVentures. A iniciativa trouxe novo vigor a esse ecossistema, com 53 startups residentes que estabeleceram 650 postos de trabalho e contabilizaram cerca de R$ 42 milhões em investimentos de empresas que fizeram aposta nos seus respectivos modelos de negócios. Foram realizados no período 780 eventos que arregimentaram um público superior a 30 mil pessoas. 

“O Cubo abriga startups digitais que já estão em operação, mas por meio de sua estrutura consegue contribuir para apoiar e influenciar o ecossistema como um todo, o que o diferencia dos outros espaços de coworking. Nós estamos muito satisfeitos com os resultados obtidos neste período e com o avanço que o empreendedorismo tecnológico tem tido no Brasil”, comenta Marcio Schettini, diretor-geral de tecnologia e operações do Itaú Unibanco. “Ao criar o Cubo, nós contribuímos para fomentar este ecossistema, ao mesmo tempo que temos a oportunidade de ficar perto destas startups e aprender com elas. O mundo está passando por transformações rápidas e é um desafio para as empresas acompanhar essa revolução. A tecnologia é um dos fatores que mais impactam a velocidade destas mudanças e por isso este é um tema que sempre foi acompanhado de perto por nós no Itaú”, acrescenta Roberto Setúbal, presidente da corporação financeira.

O frescor das startups retroalimenta o Itaú, que destinou um espaço de cinco mil metros quadrados para abrigar jovens com determinação de fomentar negócios, efetivar relacionamentos, ter acesso a ambiente de pesquisa e, principalmente, transformar um insight em algo pragmático. O Itaú é como se fosse um investidor anjo, expressão que ganhou corpo no universo das startups. Além da comunidade residente, mais de 500 pessoas circulam por esse point de emperededorismo digital diariamente. Para o banco, que fomenta o digital no seu modelo de operações, a Cubo faz sentido por fazer parte dessa evolução, como explica o executivo Ricardo Guerra, diretor-executivo de tecnologia do grupo. “Estamos em um período de grande transformação em tecnologia dentro do banco. Estamos criando uma nova cultura de trabalho, mais colaborativa, com processos mais descentralizados e ágeis, e estar perto das startups tem nos trazido muito conhecimento e inspiração”. O interesse dos bancos em fintechs é uma tendência global. E as startups podem ter as respostas.

A USP (Universidade de São Paulo) tem na sua estrutura o Cietec (Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia), em operação há 18 anos e com a ambição de incubar startups. As agências de publicidade também buscam novas ideias. A Y&R, por exemplo, não formalizou um setor na agência, mas busca oportunidades na economia criativa, como explica o head de digital e inovação Pedro Gravena.

“O projeto Sparkplug, programa global de inovação para estimular a formação de novos players e parcerias no negócio da comunicação, é uma das nossas ferramentas para incentivar um ecossistema aberto às inovações e cada vez mais criativo. Neste sentido, já identificamos uma evolução bem consistente no pensamento digital da agência. Também avançamos na definição de caminhos para plugar algumas das startups selecionadas em negócios dos nossos clientes”, enfatizou. “A principal parceria é com a Distrito (Distrito.me). A relação entre incubadoras e agências não é uma novidade, nos EUA isso já é realizado com frequência, a Tech Stars é uma das incubadoras mais acionadas por lá”, disse Gravena.

A Y&R não busca fornecedores no universo das startups, mas colaboradores em projetos. Na fase inicial, há um ano, foram ouvidos vários players cujo filtro identificou sete verticais: “educação, alimentação e saúde; cultura e turismo; finanças e renda; interação em rede; mobilidade e retail revolution. A partir daí, avaliamos 80 startups e, desse total, ficaram seis – BloomCoach, Zerofy, LiveGuide, Onless, Curupira e Triciclo”, relata Gravena.

Hugo Rodrigues, presidente da Publicis Brasil, esclarece que está sempre aberto às startups. “Usamos, por exemplo, os serviços da Deepline, que é do próprio Grupo Publicis, que nasceu como spin-off da AG2 Nurun, e atua nas áreas de mídia, dados e tecnologia. Acredito que esse movimento traz frescor ao ambiente corporativo como um todo. De que forma uma Netflix e um Uber, que nasceram como startups, mudaram o nosso modo de viver? Por que os consumidores aderiram de forma tão intensa a essas marcas e o que isso diz sobre os seus anseios? Esse tipo de pergunta precisa ser feita diariamente dentro das agências para que possamos aprimorar as nossas entregas. Agora, a política de abrigar um núcleo de desenvolvimento de startups, na minha opinião, precisa ter um propósito. Não adianta fazer isso pura e simplesmente porque está na moda. É fundamental pensar em até que ponto e de que forma essa política vai contribuir com as marcas que atendemos”, finaliza Rodrigues.