Festival encerrou a edição com palestras, sessões de júris e julgamento dos Black Pencils nesta quarta-feira (10), em Londres
O D&AD Awards 2023 bateu recorde de inscrições. Foram 12.243 no total, um recorde dos últimos dez anos. “Este foi o ano de maior sucesso em termos de inscrições na história do D&AD. Foram quase 13 mil. Outra coisa interessante foi ver quais categorias cresceram. As categorias mais populares foram Film, Branding e Graphic Design”, contou Jo Jackson, a primeira mulher a ocupar o posto de CEO do D&AD.
O festival inglês, reconhecido pelo rigor do júri e por valorizar o craft, teve dois dias de palestras e sessões com insights dos júris, além de muito networking pelos corredores do The Old Truman Brewery, a antiga cervejaria onde o festival é realizado em Londres. A revelação dos vencedores dos Pencils será feita na cerimônia de premiação, nos dias 24 e 25 de maio.
Nesta quarta-feira (10), segundo e último dia do festival, uma das palestras mais instigantes foi apresentada por Fura Johannesdottir, CCO global da Huge. Sob o impactante tema “Machines will make us more creative than ever before”, a publicitária mostrou por que ela acha que a inteligência artificial vai libertar a criatividade que, em sua opinião, vem sofrendo uma crise devido à internet, pelo menos nos últimos dez anos.
Para a criativa, a IA vai nos forçar a pensar mais e levar a uma nova era de inspiração. “É uma disrupção total para o mundo, incluindo a nossa indústria. Eu acho isso fantástico porque vai nos fazer repensar no que e como estamos fazendo”, reforçou.
Por ser uma empresa digital, Fura disse que a Huge está abraçando a IA e apresentou um case da Pantone que teve uso do Midjourney. “No lançamento da cor do ano de Pantone, Viva Magenta, queríamos fazer barulho, mostrar a todos a cor. E fizemos uma exposição em Miami de imagens criadas pelo Midjourney para as pessoas experimentarem a cor. Foi um sucesso, tivemos 50 bilhões de impressões nas redes sociais”, contou.
“O que posso dizer é que IA é um parceiro muito inspirador e nos desafia a ir além da campanha. Eu realmente acredito que a inteligência artificial vai libertar a nossa criatividade. Não temos a mínima ideia das possibilidades que ela vai trazer e isso é muito entusiasmante.”
Fura lembrou que essa não é a primeira vez na a história que uma nova tecnologia surge e provoca uma disrupção. “Com a Revolução Industrial, a ciência, a arquitetura e o transporte mudaram completamente. Temos também o exemplo da câmera e da própria internet”, recordou.
Para a criativa, a inteligência artificial vai ser uma revolução para todos e vai nos tornar mais criativos, produtivos e rápidos. “Muito trabalho manual vai ser feito pelas máquinas e eu não acho isso assustador. Acho brilhante que a IA vai nos ajudar a ter insights mais rápidos e melhores”, exemplificou ela.
A CCO global da Huge também destacou que é importante lembrar que temos questões legais a considerar e que a IA não tem nenhuma inteligência emocional. "Nós precisamos de equilíbrio. Não é tudo sobre a máquina, é sobre como as pessoas devem usar a tecnologia. Outra coisa importante é deixar claro aos clientes quando estamos usando IA.”
Por fim, ela concluiu a sua apresentação ressaltando que a inteligência artificial deve ser usada para nos tornar melhores. “Não estou dizendo que não temos trabalhos maravilhosos hoje em dia, mas acho que precisamos de mais. Eu acho que esse é um dos tempos mais fascinantes para ser criativo, porque essa é uma oportunidade para nos reinventarmos e transformar o mundo”, finalizou Fura.