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Por que a quarta maior nação online do mundo é apenas o oitavo país em números de digital shoppers? Para buscar a resposta para essas e outras perguntas, o Google divulgou esta semana o Índice de Habilidades Digitais dos internautas brasileiros, uma pesquisa colaborativa realizada pela gigante da tecnologia e pela McKinsey.

“Desde o boom da produção na revolução industrial já existe um interesse dos pesquisadores que estudam o assunto em relacionar a inovação científica e tecnológica com o desenvolvimento econômico”, explicou Maria Helena Marinho Fernandes, head of consumer & market insights do Google durante apresentação da pesquisa para a imprensa.

“Baseado nessa reflexão, sentimos a necessidade de criar algum índice, algum tipo de sinal aqui no Brasil que dissesse para a gente em que momento estamos aqui no país”, disse a executiva.

Ao longo do processo, eles toparam com três perguntas principais. A primeira: quais as competências digitais que os brasileiros mais dominam? A segunda é: onde estão as maiores oportunidades de capacitação? A terceira é: o que o índice mostra quando relacionado à economia do país?

A profissional explicou que não há índice parecido nas Américas. “É a primeira e única referência que temos no mercado hoje”, contou.

Para alcançar o resultado, a pesquisa entrevistou 2477 pessoas, de 15 a 60 anos, de classes sociais variadas (A-D), originais de 5 regiões e 12 estados, sendo 28 cidades.

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O levantamento conferiu pontuação de zero a cinco para as habilidades digitais do brasileiro, em cinco dimensões que, segundo o Google, traduzem tanto a performance em competências básicas, como navegação e uso, quanto o conhecimento de habilidades mais sofisticadas, como gerenciamento de campanhas online ou programação.

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A nota média do Índice de Habilidades digitais do brasileiro foi 3.0 (numa escala, vale lembrar, de zero a cinco).

As notas específicas e as cinco dimensões, bem como os pontos fortes e fracos dos entrevistados, são:

Acesso – Nota do brasileiro: 3.5

Inclui habilidades como ligar, configurar e conectar dispositivos em rede para usar as principais funções dos softwares e apps de celular mais importantes, online ou não.

Pontos fortes: Ligar e desligar aparelhos, navegação.

Pontos fracos: Uso de software de voz e configuração de programas.

Uso – Nota do brasileiro: 3.4

Inclui habilidades como fazer transações, ter presença online, como perfis em redes sociais, boa navegação em qualquer site e buscar conteúdo de forma eficiente.

Pontos fortes: Uso de mensagens e buscadores.

Pontos fracos: Uso de clou e E-Commerce.

Segurança – Nota do brasileiro: 3.4

Inclui habilidades como noções de proteção de dados, avaliação de perigos online e distinção entre informações pessoais e compartilháveis, assim como entendimento de condutas adequadas no ambiente digital.

Pontos fortes: Cuidados com dados pessoais e identificação de phishing.

Pontos fracos: Identificação de sites seguros e malware.

Cultura Digital – Nota do brasileiro: 3.0

Inclui habilidades como vocação exploratória, hábito de aprendizado por tentativa e erro, atualização constante em relação a novas tecnologias, disposição para resolver problemas e criatividade como combustível para progredir.

Pontos fortes: Aprender experimentando e acompanhamento de reviews de lançamentos.

Pontos fracos: Tomada de risco em novas tecnologias e cultura de aprendizado por tentativa e erro.

Criação – Nota do brasileiro: 1.8

Inclui habilidades como criação em diferentes mídias e apresentações a partir de programas de computador. Conhecimento de ferramentas de divulgação como SEO, entendimento avançado de analytics e programação.

Pontos fortes: Edição de vídeos, criação de apresentações.

Pontos fracos: Machine learning e automação de dados.

Alguns números são curiosos. Por exemplo, o brasileiro diz que sabe identificar phishing, mas, ao mesmo tempo, tem dificuldade em utilizar um e-commerce, por exemplo.

Oportunidades

O Google ressalta que promover o aumento do Índice de Habilidade Digital irá beneficiar o país economicamente. A empresa destaca alguns gaps que o estudo evidenciou: usuários maduros tem um IHD 20% menor que o da população geral, mulheres jovens possuem defasagem nas dimensões de Acesso (-10% vs homens) e Criação (-10% vs homens), já a população de baixa renda também apresenta diferença em Acesso (-10% vs AB) e Uso (-14% vs AB).

Visto que 95% dos desempregados brasileiros pertencem às classes C/D/E, segundo o Ibope, tornar a população madura digitalmente, fatalmente, contribuirá para a economia do país.

Aliás, o estudo encontrou uma correlação positiva entre renda e o índice de competências digitais.

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Como iniciativa para ajudar o país a crescer digitalmente, o Google reiterou a atuação do programa “Cresça com o Google“, iniciativa com ferramentas e treinamentos para que pessoas aprendam habilidades importantes para suas carreiras e negócios.