Uma rede social baseada no amor e não nos likes. Essa é a proposta de Orkut Buyukkokten, fundador da rede social que leva seu nome, para a recém-criada Hello. O objetivo, basicamente, é construir relações fundamentadas nas paixões, unindo pessoas em ‘comunidades’, que ficaram muito populares no extinto Orkut. Os sentimentos verdadeiros, inclusive, fazem parte do discurso do executivo, que analisa como a internet mudou as relações humanas e substituiu o ‘olho no olho’.

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O Brasil tem uma visão realista sobre ele mesmo, afirma Buyukkokten. Expressividade, receptividade e amizade são características apontadas pelo executivo que ajudam os usuários brasileiros a transferir o comportamento offline para a ‘vida online’. Além disso, o país tem abertura às novas tecnologias e são ‘early adoptors’.

“Nosso mundo está mais conectado que nunca, porque se tornou fácil estar ligado a milhões de pessoas ao mesmo tempo. Tudo está ao nosso alcance e, infelizmente, o uso pesado das mídias sociais começou a criar ansiedades e depressões nas nossas vidas. Na maioria das vezes, nos escondemos atrás das nossas telas e assistimos a feeds de destaques, evitando interagir com as pessoas cara a cara”, afirma Buyukkokten.

Como resultado, segundo ele, as pessoas ficam mais solitárias e infelizes do que nunca. Afinal, conhecer alguém pessoalmente ou ter experiências reais é o que aproxima e conecta. O medo de expressar a autenticidade e a personalidade criada no ambiente online podem estar construindo barreiras. Como consequência, se torna muito difícil encontrar intimidade, companheirismo e amor no mundo real.

“Existem centenas de aplicativos e sites que prometem nos ajudar a fazer amigos e encontrar o amor, mas ainda há muito ódio no mundo e estamos sozinhos. Me entristece ver que, com todos os avanços em tecnologia e software, estamos mais solitários do que nunca. O que compartilhamos online representa o que pensamos e o que achamos que o mundo quer ver, e não realmente aquilo que temos por dentro. Quando não nos sentimos seguros, expressando nossos verdadeiros ‘eus’ online, nos isolamos ainda mais. Espero que o futuro da mídia social nos aproxime, nos conecte e crie um mundo melhor”, diz Buyukkokten. 

A rede social Orkut foi criada em 2004 com o nome de seu fundador. O objetivo inicial da rede era os Estados Unidos, mas a maioria dos usuários estavam localizados no Brasil e na Índia. Em solo brasileiro, foram conquistados mais de 30 milhões de usuários, mas a rede perdeu popularidade com o crescimento de seu principal concorrente, o Facebook. O Google, do qual a rede social era filiada, anunciou o seu fim no dia 30 de setembro de 2014, gerando comoção dos usuários brasileiros. No entanto, um ‘museu de comunidades’ foi criado e reúne mais de um bilhão de mensagens trocadas nos tópicos de discussão. Além disso, até 30 de setembro de 2016, os internautas puderam resgatar as informações armazenadas na rede social através da ferramenta Google Takeout. 

Buyukkokten conta que o Orkut.com foi construído e pensado para uma geração diferente. Há um pouco mais de uma década, ele explica que o mundo estava vivendo, pela primeira vez, a exposição nas redes sociais. “Hoje em dia, as pessoas estão em vários serviços de mídia social ao mesmo tempo. Outra grande mudança nesse cenário foi a transição do desktop para os navegadores em smartphones e dispositivos móveis. Estamos sempre conectados, online e multitarefas, em múltiplas plataformas”, comenta.

Quando questionado sobre tendências para os próximos anos, os vídeos aparecem como a grande aposta de Buyukkokten para as redes sociais. A mobilidade vai viabilizar, cada vez mais, a produção de filmes e da experiência online relevante. “A mídias sociais são uma paisagem em constante evolução. É muito importante inovar e permanecer em contato com as novas gerações, atualizando os padrões de uso e usando a sensibilidade das comunidades. As redes sociais que não evoluem ao longo do tempo correm o risco de ficar desatualizadas ou irrelevantes”, diz.

Nesse contexto, o fim do Orkut para o seu fundador foi um ‘capítulo incrível da história’, mas uma experiência para outro tipo de geração. Com isso, a proposta da Hello se configura destinada a aproximar pessoas por suas paixões e expandindo as possibilidades a quem se conectar. O lançamento de Buyukkokten chegou ao Brasil em julho de 2016 e está presente em 13 países. 

“Ela é a primeira rede social construída sobre ‘amores’ e não ‘likes’. Na Hello, estamos construindo um caminho mais fácil para fazer conexões, e tudo começa com um ‘Olá’. Um gesto simples e amigável pode ser o começo de algo novo e bonito. Estamos criando uma comunidade onde todos se sentem bem-vindos, incluídos, e não são julgados. Quando expressamos ou somos autênticos, em nossas paixões e interesses genuínos, seguimos pelo caminho do amor e da felicidade, que é a coisa mais importante que você poder ter nesse mundo”, esclarece.