Profissionais de empresas como Index, CDN, InPress Porter Novelli, FSB e Grupo BCW Brasil analisam cenário de transformação

As redes sociais mudaram a maneira de se consumir conteúdo em todo o mundo e, consequentemente, obrigaram agências a reverem seus conceitos. Ou melhor: seus posicionamentos. Muitas delas, que debutaram no mercado focada basicamente em PR, hoje, se definem como full service.

É o caso da Index, fundada em 1996 como uma assessoria de imprensa e que, nesta semana, anunciou o seu novo posicionamento: agência de comunicação full service.

A partir de agora, os holofotes da empresas estarão voltados para a criação de narrativas em canais e plataformas. Na prática, a Index passará a oferecer também serviços de data intelligence, criação e planejamento.

“A atenção da audiência está em jogo, sendo disputada por todas as marcas, pessoas e creators o tempo todo. É por isso que o PR, quando integrado a outras soluções em comunicação, vem ganhando cada vez mais força e visibilidade na estratégia das marcas e empresas”, explica Taciana Veloso, cofundadora e coCEO da Index.

No entanto, a Index é apenas uma entre várias agências que, de uns anos para cá, passaram a se posicionar assim: full service. Com mais de três décadas de mercado, a CDN é outro exemplo. O CEO Fabio Santos conta que a empresa tem passado por uma transformação nos últimos anos, sobretudo, a digital.

Internet e redes sociais fizeram as agências ampliar a área de atuação (John Schnobrich/ Unsplash)

“Hoje, a CDN é uma ​agência de comunicação full service dedicada à construção, fortalecimento e relevância da imagem e reputação de marcas e instituições nesse ecossistema de comunicação, que é cada vez mais fluído e complexo”, diz.

A forma como as pessoas consomem e produzem informação são alguns dos motivos que fizeram com as agências ampliassem suas áreas de atuação para, assim, contribuir com a jornada do cliente dentro do atual cenário. E a jornada do cliente, irremediavelmente, passa pelas redes sociais.

"A expansão das áreas de atuação é uma necessidade do mercado, não um driver de crescimento", garante. "Manter-se preso à tradicional assessoria de imprensa seria o mesmo que estar condenado a encolher", complementa.

Fabio Santos, CEO da CDN: ecossistema fluído (Divulgação)

A InPress Porter Novelli é mais uma agência que, nos últimos anos, expandiu atuação e hoje conta com 15 áreas, dentre as quais estão mídia, planejamento, criação e a recém-criada Thought Leadership.

“Essa área tem o objetivo de criar líderes de pensamentos prontos para engajar e inspirar diante do atual contexto de transformações constantes”, conta Roberta Machado, CEO da InPress Porter Novelli.

E o resultado da transformação tem sido positivo para as agências. Na InPress, de 2015 para cá, o portfólio de clientes triplicou, segundo a executiva. "Eles entenderam que nosso trabalho hoje consiste em um conjunto 360º de iniciativas estratégicas", afirma Roberta. Atualmente, a agência tem em torno de 150 marcas sob os seus cuidados e uma equipe de 400 profissionais.

Do PR tradicional, quando começou no mercado na década 1980, até os dias atuais, a FSB Comunicação se considera um ecossistema de comunicação – atualmente, a agência oferece serviços de publicidade, mídia (on e offline), design, desenvolvimento de plataforma, além de um instituto próprio de pesquisa.

Castro, da FSB: R$ 55 milhões em mídia no ano passado

Na área de publicidade, especificamente, a agência realizou mais de 60 campanhas, número que movimentou em torno de R$ 55 milhões em mídia. Huawei, Cosan, Rumo, Raízen, Comgas e Grupo DPSP são alguns dos clientes que tiveram suas campanhas assinadas pela FSB.

"Nosso objetivo é expandir cada vez mais essa percepção para os clientes e mostrar que nosso trabalho de mídia é estratégico e abrangente, pensado de forma a atender os objetivos de cada um dos nossos clientes, de acordo com a jornada dos stakeholders envolvidos", afirma Flávio Castro, sócio do Grupo FSB.

REALIDADE
“Não é uma tendência, é uma realidade já consolidada”, diz Fabio Santos, da CDN, sobre a migração para o escopo full service. Ainda segundo o executivo, as agências de hoje estão orientadas para a construção, fortalecimento de imagem e reputação de marcas e companhias.

“Além disso, se você analisar sob um viés mais holístico, o setor tem tantas ferramentas e disciplinas, que funcionam juntas ou separadas, que é normal que os territórios entre a atuação das empresas se cruzem”, ressalta.

Já Letícia Veloso, sócia e CHRO da Index, acredita que a realidade do mercado pede processos cada vez mais ágeis por parte da agência. "A omnicanalidade da comunicação é uma tendência que acreditamos para as marcas se consolidarem como plataformas de conteúdo, conhecimento e entretenimento", diz.

Roberta Machado, da InPress: integração da comunicação (Divulgação)

A integração também um ponto que pesa bastante na organização de todos os processos de comunicação, na avaliação de Roberta, CEO da InPress. "Todas essas mudanças visam garantir a eficiência, a agilidade e a flexibilidade fundamentais para respondermos às necessidades cada vez mais complexas. Estamos estruturados para atuar no dia-a-dia como a consultoria estratégica de altíssimo nível de que nossos clientes necessitam", ressalta.

Já Rosa Vanzella, copresidente do Grupo BCW Brasil e Máquina CW, também vê o movimento como um caminho sem volta. “O pedido para uma gestão completa de comunicação está nos briefings, nas conversas com prospects, nos projetos especiais que tornam-se cada vez mais constantes em clientes que ainda operam apenas com o fee de PR”, finaliza.