Real digital surge com o objetivo de democratizar o acesso ao crédito, investimentos e seguros para um futuro financeiro mais eficiente e inclusivo
Em agosto, o projeto de moeda digital do Banco Central (em inglês, Central Bank Digital Currency - CBDC), criado e operado pelo Banco Central do Brasil (BCB), ganhou o nome de Drex. A plataforma promete ser uma representação digital do real e terá o mesmo intuito do Pix: democratizar o acesso a serviços de pagamentos.
“O Drex vai trazer mais rapidez, praticidade e menor custo para várias transações contratuais e financeiras que fazemos hoje”, explica Maurício Moura, diretor de relacionamento, cidadania e supervisão de conduta do Banco Central, em nota à imprensa.
O BC pretende usar as lições aprendidas com o Pix para fazer do Drex uma plataforma popular. “Desde o seu lançamento, o Pix logo foi incorporado como palavra corrente no dia a dia. Hoje, todos falamos ‘fazer um Pix’. Em breve, também falaremos ‘usar um Drex’”, diz Moura.
No cronograma do BC, o projeto Drex deverá ser lançado em 2024. “O Drex vai trazer mais rapidez, praticidade e menor custo para várias transações contratuais e financeiras que fazemos hoje”, promete Moura. De acordo com Marcelo Queiroz, head de estratégia de mercado na ClearSale, empresa que está colaborando com o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPQD) para abordar aspectos de segurança nos testes-piloto do Drex, o projeto do Banco Central de criar uma moeda digital tem o potencial de introduzir melhorias significativas nos sistemas de pagamento e liquidação. Segundo o executivo, os benefícios devem se estender a toda a sociedade.
Rodrigo Mulinari, diretor de tecnologia do Banco do Brasil (um dos 16 participantes selecionados pelo BCB para o piloto do Drex), afirma que os clientes poderão se beneficiar com a redução do custo das operações, a melhoria da experiência e poderão ter acesso a uma gama maior de serviços financeiros. “A adoção das novas tecnologias permitirá que inovações possam ser incorporadas ao sistema financeiro, melhorando sua eficiência, aumentando a segurança, reduzindo o número de intermediários e barateando os custos dos serviços.”
Mulinari destaca benefícios também para os bancos, que poderão melhorar seus produtos e serviços, reduzir os custos de suas operações, distribuir seus produtos a um número maior de clientes e, com isso, gerar novas receitas e aumentar a liquidez.
Herbert Moller, CRO do FitBank, instituição de pagamento participante direta do arranjo do Pix, enfatiza a segurança do serviço como uma vantagem, utilizando a compra e venda de um automóvel como exemplo. “Desde compra e venda de bens até a transferência de valores para a compra de produtos e serviços poderão ser processadas pelo novo sistema. Você pode reservar a compra de um carro no fim de semana dando R$ 2.000 de garantia que só vão para a loja se você não fechar o financiamento. Ao assinar a compra do veículo, receberia automaticamente os recursos de volta”, afirma.
Segundo o BCB, “caberá à instituição definir o custo para o serviço ofertado, seguindo a regulação e considerando o ambiente competitivo, podendo mesmo ser gratuito ou significativamente inferior ao custo de serviço similar anterior à adoção do Drex”.
Mulinari, diretor de tecnologia do BB, explica que não há previsão de custo para o Drex, enquanto moeda. Mas os serviços financeiros ofertados via plataforma Drex podem ter custos associados a cada tipo de operação. “Espera-se que os serviços possam ter sua eficiência melhorada, com isso os custos das operações podem ser reduzidos”, completa.
Antes da esperada implementação do Drex, ClearSale fala que é importante lembrar que a inclusão financeira não é apenas uma questão de tecnologia. “A infraestrutura necessária para suportar esses serviços, como acesso à internet e eletricidade confiável, ainda não está disponível em muitas partes do mundo. É necessário, portanto, um esforço coordenado de empresas, governos e organizações não governamentais para fornecer os recursos necessários e garantir que a inclusão financeira seja uma realidade para todos”, conclui.