A pandemia de Covid-19 mudou drasticamente a rotina no Brasil a partir de março (Divulgação)

Quem pulou e quem não pulou as famosas sete ondinhas jamais poderia imaginar que 2020 traria um tsunami global em forma de vírus. Até fevereiro, quando o tema era algo apenas de ouvir falar no Brasil, o mercado estava otimista com ano promissor. No PROPMARK, a primeira notícia sobre o novo coronavírus foi publicada no fim de janeiro, falando somente da China. O tema se aproximaria cada vez mais da realidade brasileira. Mas enquanto o vírus não era “visto” no país, tudo seguia normal.

Entre os principais movimentos, a Natura & Co concluiu a compra da Avon Products, criando o quarto maior grupo de beleza; após 12 anos de parceria, as marcas da Camil Alimentos deixaram de ser atendidas pela Leo Burnett Tailor Made; Luciana Rodrigues e Max Geraldo assumiram a presidência da Grey Brasil; Poliana Sousa foi nomeada VP de marketing da Coca-Cola Brasil, tornando-se a primeira mulher brasileira no cargo no país; e a Eletromidia comprou a Elemidia e se tornou a maior empresa de mídia exterior do Brasil.

Em mídia, a plataforma brasileira de streaming Globoplay chegou aos Estados Unidos; a Globo unificou sua oferta comercial integrando as oportunidades em TV aberta, TV fechada, streaming e digital sob um mesmo portfólio; e a estreia da CNN Brasil, praticamente junto à pandemia, mexeu com o mercado anunciante e o público. Ainda em mídia, São Paulo sediou o primeiro Tudum Festival Netflix, levando a experiência da plataforma ao mundo real, e a Turner Latin America aproveitou o NATPE Miami 2020 para lançar a sua iniciativa de filme original multiplataforma, o Particular Crowd.

Nas atrações do trimestre, o BBB20 foi histórico e muito influente nas redes sociais. Entre os pontos altos da edição, o momento que os participantes foram informados da Covid-19, o paredão com mais de um bilhão de votos, e a vitória de Thelma Assis.

A morte de Kobe Bryant, ex-jogador da NBA, marcou tristemente o período. O atleta, de 41 anos, sofreu um acidente de helicóptero na Califórnia. O ídolo do basquete recebeu diversas homenagens.

Em um ano que veio na esteira de discussões sobre diversidade, igualdade, empatia, empoderamento feminino e sustentabilidade, anunciantes buscaram acompanhar o consumidor.

Um dos principais exemplos foi o Carnaval, repleto de campanhas contra o assédio e ações reforçando o consumo consciente e a diversidade.

O COMEÇO DO CAOS

Desde janeiro se via discretamente um efeito dominó da doença. Em fevereiro, o Super Bowl LIV, com vitória do Kansas City Chiefs, foi um dos últimos eventos presenciais. Em 11 de março, a Organização Mundial da Saúde definiria a Covid-19 como pandemia. Tudo foi adiado, cancelado ou adaptado ao virtual. Mobile World Congress, Global Marketer Week, SXSW e mesmo os do segundo semestre, como Cannes Lions, Jogos Olímpicos e CCXP, ligaram o alerta. No Brasil, o primeiro grande evento a cair foi o Lollapalooza. Mas logo toda a indústria foi atingida. Emissoras mudaram rotinas, agências e empresas adotaram o home office, entretenimento foi paralisado e estabelecimentos fechados.

Em meio ao caos, o mês também foi marcado pela solidariedade e criatividade em prol da sociedade. Imprensa e plataformas digitais se debruçaram para informar o público; o Burger King anunciou doações ao Sistema Único de Saúde, a Ambev e outras empresas produziram álcool em gel, o Magalu deu frete grátis para produtos de combate ao vírus, a Universal Music fez shows online, a 99 doou corridas e a Smiles doou milhas, companhias restauraram respiradores, varejistas de moda fizeram uniformes para profissionais da saúde.

No fim do trimestre, isolamento social e a expressão “fique em casa” dominaram a vida do brasileiro, que reaprendeu a nadar para pular ondas assustadoras.