Os preços mudavam drasticamente, dificultando a negociação e permanência de contratos

O Banco Central aumentou a estimativa de inflação para 4% em 2024, segundo o Boletim Focus divulgado no dia primeiro de julho. Em 2023, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou 4,62%. Mesmo diante da previsão de alta para este ano, os números não chegam perto da hiperinflação que vinha a galope desde os governos militares. Em 1993, o índice atingiu 2.477%.

A instabilidade política piorava a situação. Em 1985, José Sarney se tornou presidente, enquanto o país lamentava a morte de Tancredo Neves. Depois veio Fernando Collor, que venceu a primeira eleição direta após a ditadura, mas não chegou ao fim do mandato.

Sofreu um impeachment clamado nas ruas pelo povo, indignado com escândalos de corrupção e as agruras do Plano Collor. Com a ministra da Fazenda Zélia Cardoso de Mello à frente, o pacote confiscou valores acima de 50.000 cruzeiros novos à época, guardados nos bancos, geralmente, na poupança.

Paulo Ramirez, cientista político e sociólogo da ESPM: "Acordos precisavam ser ajustados conforme a média inflacionária" (Divulgação)

Quem substituiu Collor foi Itamar Franco, que escolheu Fernando Henrique Cardoso (FHC) como ministro da Fazenda. Estava nas mãos de FHC a esperança de um plano que finalmente tirasse a economia brasileira do buraco. Centrados em congelamento de preços, os planos econômicos impostos aos brasileiros acumularam fracassos sucessivos e empobrecimento da população menos abastada.

Assim foi com o Cruzado e Cruzado II (1986), Bresser (1987), Verão (1988), Collor (1990) e Collor II (1991). Sob o comando de FHC, o Plano Real promoveu uma transição gradual a partir da Unidade Real de Valor (URV), que se transformaria na nova moeda brasileira. Há 30 anos, o Real conseguiu controlar os preços, aplacando o desespero de famílias que viam o seu poder de compra minguar a cada dia.

Empresas de todos os segmentos, inclusive a publicidade, sofriam. “Os preços mudavam drasticamente, dificultando a negociação e permanência de contratos. Devido à volatilidade da economia e à desvalorização da moeda, muitos acordos precisavam ser ajustados conforme a média inflacionária”, recorda Paulo Ramirez, cientista político e sociólogo da ESPM.

Leia a íntegra da matéria na edição impressa do dia 8 de julho.