Decisão da liga levou mais de 40 mil pessoas ao Allianz Parque e tem importantes marcas como patrocinadoras
Quarenta mil pessoas estiveram, no último domingo (18), no Allianz Parque, em São Paulo. Algum jogo do Palmeiras? Não. Tratava-se da decisão da Kings League, modalidade criada pelo ex-jogador do Barcelona Gerard Piqué.
A Kings League tem cativado um público mais jovem — crianças e adolescentes — por um regulamento, digamos assim, exótico. A modalidade tem regras mais dinâmicas cartas especiais e, claro, entretenimento.
Entre as principais diferenças, os times são formados por sete jogadores, que disputam uma partida de 40 minutos, dividida em dois tempos de 20 minutos. Os treinadores podem utilizar cartas secretas para influenciar o jogo, como um pênalti extra ou um gol dobrado.
No último fim de semana, quem foi ao Allianz viu o Furia FC derrotar o Dendele no shoot-outs, após empate em 5 x 5 no tempo normal. O shoot-out é uma espécie de disputa de pênaltis, mas com os jogadores saindo do meio-campo em direção ao gol, e os goleiros podendo se movimentar na grande área.
A Furia FC é presidida por Cris Guedes, considerado um dos principais “parças” de Neymar, que também é um dos presidentes da equipe. Além dele, fazem parte do time os apresentadores do canal PodPah, Igão e Mítico.

Ivan Martinho é professor de marketing esportivo da ESPM, e explica que os formatos que misturam esporte e entretenimento têm grandes chances de terem êxito.
"O que vimos acontecer no boxe agora chega ao futebol, atraindo os mais jovens com um formato mais curto e primariamente idealizado sob a ótica de como entreter o fã", disse.
Uma dessas formas de entretenimento acontece ainda no primeiro tempo, quando a partida é interrompida para o lançamento de um dado gigante que determina quantos jogadores estarão em campo no restante do tempo.
Já na segunda etapa os times podem incluir um "gol de ouro", onde o primeiro após o intervalo garante a vitória, ou um período de "gol dobrado", onde cada gol vale por dois.
Alexandre Vasconcellos, gerente regional da Flashscore no Brasil, vê que, quando algo diferente surge e atrai milhares de pessoas, o mercado precisa prestar atenção. Ele ainda compara a final da Kings League com a do CBLoL, que aconteceu no mesmo Allianz Parque.
"Quem olha com desdém para a Kings League perde a chance de aprender, em especial sobre formatos de conteúdo e o comportamento do fã, consumidor exigente e que pode não estar sendo completamente atendido pelo futebol", disse.
As marcas, claro, já entenderam o poder dessa nova modalidade. Na liga brasileira, são parceiros oficiais iFood, Adidas, Superbet, YoPRO Brasil e Mondelez. No Brasil, os jogos são transmitidos pela Cazé TV, que já bateu pico de 800 mil pessoas simultâneas acompanhando uma única partida.
Renê Salviano, CEO da Heatmap, classifica a Kings League como um case de marketing esportivo. "Sua transmissão via Twitch e YouTube, plataformas onde a interação com os fãs acontece em tempo real, representa uma mudança de paradigma na forma de consumir esporte", disse.