'Eu tenho responsabilidade e não faço nada que eu não acredito', diz Ramon Vitor

Influencer soma mais de 9,5 milhões de seguidores, mais de 320 milhões de curtidas e tem chamado a atenção das marcas

Os números astronômicos na internet e a fama repentina vinda do poder que as redes sociais possuem atualmente podem fazer com as pessoas coloquem o sapato da soberba e despenquem do alto do monte. Mas este não é o caso de Ramon Vitor.

O atual fenômeno do TikTok, de 22 anos, possui mais de 9,5 milhões de seguidores e mais de 320 milhões de curtidas, mas a soma dos números com o enorme engajamento e a busca das marcas pela a sua imagem, não fez com que o influenciador tirasse dos pés os chinelos da humildade.

Ramon mora em Ilhéus, em uma casa simples, e foi a sua rotina que fez com que ele ganhasse o coração dos seus milhões de seguidores e também das marcas que querem se associar a imagem do garoto.

Em seu perfil, o tiktoker já fez publicidade para Veja, Neosadina, Assaí Atacadista, entre outras.

Apesar do sucesso recente, Ramon tem a postura e a consciência de alguém que trabalha com internet há anos, além de não abrir mão da sua responsabilidade com o público na hora de fechar alguma publicidade.

"As pessoas confiam na minha palavra, então eu tenho responsabilidade. Por isso eu não faço nada que eu não acredito. Nem tudo é dinheiro, sabe? Eu tenho que estar feliz, ter a liberdade de fazer as coisas do meu jeito porque as pessoas gostam disso", afirmou Ramon.

Ao PROPMARK, ele conta como está enxergando esse novo momento de sua vida, as coisas que quer realizar e como lida com as responsabilidades de seu novo trabalho.

Você viralizou neste ano com os seus vídeos no TikTok. Em que momento você entendeu que isso tinha acontecido?
Acho que foi no momento que as pessoas começaram a me reconhecer na rua. Hoje, não tem um dia que eu saia e alguém não fale alguma coisa. Acho que foi nesse momento.

Você tem uma história antiga com a internet. Como surgiu a sua relação com os vídeos?
Quando eu era pequeno, os meus pais tinham uma câmera que eles gravavam bastante coisa e eu reassistia aquilo várias vezes. A partir daí, eu falava que precisava gravar a minha vida para poder ver tudo de novo. Depois de vários anos, eu conheci o YouTube, lá no final de 2012, e eu gostei tanto que falei que queria fazer aquilo para o resto da minha vida. Depois de um ano, consumindo os vídeos, eu vi que dava para ganhar dinheiro com aquilo e que dava para ser a minha profissão. A partir daí, eu ainda pequeno, comecei a gravar, entrei para o Vine e fui aprendendo a fazer. Eu já gravava a minha vida antes, tenho tudo gravado. Tem vídeo meu de 2009. Comecei a postar, a fazer os vídeos que eu achava que eram legais, mas só foi dar certo agora.

Como foi a tua história de viralização? Tem algum vídeo que representou esse momento?
Não. Acho que a coisa aconteceu quando eu me reencontrei como pessoa, fiquei feliz como pessoa e estar bem comigo mesmo. Isso transparece tanto nos vídeos que as pessoas começaram a sentir. Talvez tenha dado certo por eu estar feliz fazendo o que eu gosto, do meu jeito, mostrando a minha rotina.

Como você está enxergando essa mudança?
É uma mudança muito boa, mas para o bem porque eu estou trabalhando muito. Eu lembro que, antes de eu me reencontrar, eu sentava e chorava porque eu não queria desistir do meu sonho, mas estava vendo ele ficando para trás. Eu fui obrigado a parar de gravar, não estava conseguindo, mas as contas estavam chegando e eu não sabia o que fazer.

Qual foi a primeira marca que te procurou para fazer campanha?
Sabia que eu não sei? Não é tão recente que eu 'tô' fechando trabalho. Eu não lembro mesmo, tem umas coisas que eu não lembro, como por exemplo, eu não lembro o que eu comi ontem, as datas de aniversários... Só sei a minha (risos). Quando começou a entrar as marcas, veio algumas de uma vez só e como não sou eu que tomo conta disso, eu não sei.

Como foi para você ter essa procura das marcas?
Graças a Deus né, finalmente! Fechar trabalhos, ganhar dinheiro, fazer as coisas (risos). Fico muito feliz, de verdade. A gente precisa ganhar dinheiro para fazer as coisas, mas para mim o ponto nem é o dinheiro em si, sabe? É fazer as coisas. Poder ficar despreocupado com as coisas, sem me preocupar se eu vou conseguir comprar as coisas no mercado. Eu lembro que no comecinho, tudo era muito contato e eu não tinha dinheiro para fazer as compras de casa. Eu fazia uns vídeos de receita e eu usava o cartão da minha mãe para fazer as compras. Ruim isso né? Não dava para eu fazer os vídeos. Agora é mais tranquilo para eu fazer os vídeos, pagar as contas em dia... Eu fiquei 6 meses em pagar a conta de luz e eles podiam ter cortado a qualquer momento. Toda vez que eu ia dormir, ia preocupado e com medo de acordar sem luz. Mas hoje eu estou muito feliz, tem muito trabalho e eu estou vendo esse lado sabe? Das pessoas que trabalham com isso.

Como é a tua forma de fazer publicidade? As marcas te dão liberdade?
Eu mesmo peço para que elas me deixem fazer. Eu acho que as marcas estão fazendo uma pesquisa em cima dos influenciadores, para entender o trabalho. Agora, dos que estão chegando, 80% me dão liberdade sim e isso é ótimo, porque eu preciso me sentir à vontade para fazer as coisas, até para dar um resultado melhor, mas tem casos e casos. Teve uma que veio me procurar pedindo para que eu fizesse uma dancinha, mas esse não é o meu conteúdo. Eles queriam me pagar até mais para que eu fizesse, mas eu não faço isso. Eu pedi para a Manuella perguntar para eles se eles tinham visto os meus vídeos e eles falaram que não. Chegou um ponto que eu recusei. Eu prefiro não fazer, independentemente do valor. Se for me deixar desconfortável, eu recuso. Tiveram algumas propostas que chega com valores muito alto, mas são coisas que eu não acho certo e falo para cancelar. Das coisas que estão chegando, eu escolho muito a dedo o que vou fazer porque as pessoas acompanham, sabe? Como que eu vou ir lá e divulgar uma coisa que eu não concordo? Eu não faço isso. Só divulgo as coisas que eu gosto, que fazem sentido para mim. As pessoas confiam na minha palavra, então eu tenho responsabilidade. Por isso eu não faço nada que eu não acredito. Nem tudo é dinheiro, sabe? Eu tenho que estar feliz, ter a liberdade de fazer as coisas do meu jeito porque as pessoas gostam disso.

Você sente algum peso por ter essa responsabilidade agora?
Não. Eu já me perguntei isso, mas eu sabendo da minha integridade, não tenho vergonha e nem escondo nada. Acho que se alguém fica com medo de alguma coisa, ela sabe que está fazendo algo errado. Para mim, é muito tranquilo. Eu falo de qualquer coisa porque eu sei que sou uma pessoa certa, uma pessoa boa.

O que as marcas normalmente pedem para você fazer nas publicidades?
Normalmente elas pedem para eu inserir no meu dia a dia mesmo, mas tem chegado alguns casos com outras propostas. Tem marcas que querem outras coisas e ai sim eu paro para pensar em alguma ideia bacana, o melhor jeito de apresentar aquilo mas que ainda tenha a minha cara.

Com qual marca você ainda não trabalhou, mas gostaria muito?
Eu não sei. Eu quero muito seguir essas coisas que fazem sentido para a minha vida, principalmente para momentos que eu estou vivendo agora. Por exemplo, eu quero muito viajar, então se alguma coisa relacionada a isso viesse, ia ser muito legal. Eu me baseio nos meus sonhos. E coisas de construção também, porque eu estou reformando a minha casa e eu preciso investir aqui. O meu planejamento é primeiro eu arrumar aqui e depois fazer as outras coisas.

Você se enxerga como marca?
Consigo, com certeza. Como eu gravo a bastante tempo, tenho amigos que trabalham com isso há bastante tempo, então por mais que eu não fizesse, eu via as pessoas próximas de mim fazendo. Isso fez com que esse trabalho de publicidade não seja algo que eu desconheço totalmente. Eu já ajudei amigos meus nas publicidades deles, gravando para eles, então esse processo da criação, pensar e tudo mais, eu já fazia. Eu consigo me enxergar como marca porque tudo se encaixa. Eu mostro a minha vida e as coisas que acontecem. Eu estou fazendo a reforma aqui e isso é algo que eu preciso fazer, então eu penso que se tivesse uma coisa de material de construção, decoração etc, encaixaria, sabe? Por exemplo, eu me gravo limpando a casa, então eu uso produtos de limpeza e chegou a Veja. É algo que deu super certo porque eu realmente faço, entende?

Qual é a melhor definição da marca Ramon Vitor?
Eita... Vê se faz sentido. A minha melhor definição é perseverança, porque eu já passei por tudo e eu poderia ter desistido. Tive todos os motivos do mundo e ainda estou aqui. Mas da minha marca, acho que são sinceridade, carisma e autenticidade.