A CEO da Netza fala sobre como o live marketnig está caminhando para prátcas que façam sentido em ESG
Há 24 anos no mercado de live marketing com a agência Netza, Fabiana Schaeffer afirma que num determinado momento passou a não participar das desmontagens dos eventos, seu produto carro-chefe, porque “geram muito resíduo”. Foi a partir de 2016 que ela decidiu virar a chave. Hoje, segundo a executiva, todas as lonas dos eventos viram mochila escolar e 80% das madeiras que são quebradas e não consegue reutilizar são trituradas e viram compensados para doações a casas populares, entre outras ações voltadas para práticas ESG. “Para se ter uma ideia, foram mais de sete milhões de ações já feitas desde 2016”, afirma Fabiana. Nesta entrevista, a CEO da Netza também fala sobre negócios, o mercado de patrocínios, a força do setor de eventos e de como o segmento está caminhando (e exigindo) para práticas que façam sentido em ESG.
Quais são as ações voltadas para ESG hoje na Netza?
A Netza tem 24 anos. Até 2015, o grande foco eram eventos e a maioria das coisas que a gente fazia, eu preferia não participar das desmontagens, porque gera muito resíduo. Então, eu falei: eu não vou ver, porque o que os olhos não veem o coração não sente. Aí, encontrei com uma amiga minha que era uma ex-cliente e ela foi durante muitos anos diretora de terceiro setor da FGV e eu falei para ela: eu quero muito fazer alguma coisa, eu estou comprando squeeze para todo mundo. Então, ela falou: você está totalmente errada. O que você está fazendo é fechar os olhos para o seu negócio. Desta forma, você vai fazer uma coisa espalhada e não vai ser nunca sustentável. Para mim, foi um banho de água fria. Ela falou, se você quiser realmente eu te ajudo.
Como começou?
Fomos entender o meu negócio, que na época 80% da nossa receita vinha de evento. E aí eu comecei a ver quais eram os nossos resíduos. E, a partir de 2016, a gente se juntou ao pessoal da ONU, fomos uma das primeiras agências a fazer isso para começar a aprender. E, dentre muitas coisas que eu aprendi lá na ONU, porque a gente foi para Nova York, é que é preciso definir o tamanho que você consegue carregar com constância. Porque se fizer uma coisa que você vai parar amanhã, você não vai fazer diferença. Então, desde 2016, todas as lonas dos nossos eventos viram mochila escolar. Eu diria que 80% das madeiras que são quebradas e a gente não consegue reutilizar são trituradas e viram compensados que a gente doa para casas populares. A gente construiu na pandemia uma escola com restos de evento. Desde 2016, somos muito ativos. Em 2019, ganhamos o prêmio do Pacto Global da ONU de ações mais sustentáveis. E, a partir daí, a gente não para com as nossas ações. Para se ter uma ideia, foram mais de sete milhões de ações já feitas desde 2016. A gente tem também uma cooperativa para sobras de comida, com o apoio da Vigilância Sanitária.
E como está a questão da governança?
A gente treina muito os nossos fornecedores para que eles saibam como fazer, damos auxílio jurídico. Das três letras, governança é o que estamos mais avançados.
E o S, de Social?
Temos nossas redes de artesãs, por exemplo, que fazem as nossas bolsas, são mulheres em situação de vulnerabilidade. Mas não é só isso, né? A gente hoje está conseguindo levar isso para os nossos clientes. Até o ano passado era uma coisa bem interna, a gente pagava por isso. Mas no ano passado dois dos nossos clientes começaram a pagar pelas suas ações. Fizeram nécessaire para dar a influencers e várias ações, tanto de PR como social mesmo. Na parte do E, a gente apoia também uma comunidade indígena que planta uma floresta de alimentos na Amazônia, através de uma ONG parceira que fica no Mato Grosso. O indígena, diferentemente do que eu achava, não quer a comida. Ele quer plantar para ter comida sempre. Então, a gente promove esse plantio, também damos mochilas para as escolas da aldeia. Eu não consigo virar a chave do mundo, mas eu tenho certeza que a minha parte eu estou fazendo.
Como é tratada a diversidade na agência?
Temos entre os projetos uma ação, que já está na terceira edição, que é trazer jovens estudantes com mais de 18 anos, LGBTQIA+ e negros para participar de uma aula com profissionais do mercado que a gente traz para ministrar. Batizado de ‘Libélula’, a ideia é ensinar sobre as disciplinas do mercado, como mídia e criação. A questão é que quando eles chegam ao mercado de trabalho, além de sofrer preconceito, não têm experiência. Então, a gente traz pessoas do Google, da Meta, das próprias agências, para falar um pouco das suas experiências.
Leia a entrevista completa na edição impressa do dia 8 de julho.