Durante o evento promovido pela Lide, temas como digitalização, alta do juros e tecnologia foram apresentados em painéis com empresários

Sob o tema O Futuro do Varejo, o 11º Fórum Lide do Varejo trouxe nomes como Luiza Helena Trajano, presidente do conselho de administração da Magazine Luiza; Jorge Gonçalves, presidente do Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV); e Eduardo Monaco, presidente da ClearSale, para debater sobre os caminhos para o setor no período pós-pandemia.

O evento, promovido pela Lide, foi realizado nesta quinta-feira (23), no Hotel Palácio Tangará, em São Paulo, e, além dos nomes citados acima, também contou com a presença de Luiz Fernando Furlan, chairman do Lide; João Doria, ex-governador e co-chairman do Lide; João Doria Neto, presidente do Lide; Marcos Gouvêa, presidente do Lide Comércio, fundador e diretor-geral da Gouvêa EcoSystem; Jorge Lima, secretário de desenvolvimento econômico do Estado de São Paulo; e Celia Pompeia, presidente do Grupo Doria, para abrir os painéis e debate.

João Doria fala em abertura do 11ºFórum Lide do Varejo (Crédito: Alexandre Oliveira)

Neste primeiro momento, as falas permearam a necessidade de colocar o consumidor como centro das discussões do setor, assim como as tecnologias disponíveis e a importância do varejo para o cenário econômico, uma vez que o setor é responsável por 20% dos trabalhadores de carteira assinada do Brasil, além de ser o que mais emprega.

“O setor foi desenvolvido, passou por provações e ele, mais do que se desenvolver, se reinventou. O varejo precisa ser valorizado”, apontou Marcos Gouvêa.
Em seguida, no painel Para onde vai o varejo?, Luiza Trajano, Jorge Gonçalves e Eduardo Monaco expuseram os seus pontos sobre quais são os caminhos e resoluções que precisam acontecer para que o setor siga em ascensão e relevante em um cenário de informalidade e competição com varejistas chinesas, que vendem produtos sem taxação de impostos.

Segundo o presidente do IDV, o Brasil deixou de arrecadar R$ 460-600 bilhões de tributos de empresas em 2020. “A quantidade de trabalhadores sem registro é alta. Cerca de 41,8% das pessoas trabalham sem registro e isso faz malefícios ao país, que tem 40% de sonegação. O primeiro passo que temos de dar é pensar em como melhorar a questão de registro de carteira”, afirmou Gonçalves.

Já Luiza Trajano usou seu tempo para convidar os empresários e varejistas a “partirem para o já”, ressaltando a importância que o varejo tem para o país ao ser o maior empregador nacional, ficando atrás apenas para o governo. Outro ponto levantado pela empresária foi a alta dos juros e como isso impacta no setor, levantando a questão das varejistas chinesas.

Luiza Helena Trajano, presidente do conselho administrativo da Magazine Luiza (Crédito: Alexandre Oliveira)

“Não tem cabimento um juros de 13,75%. Temos de, juntos, definir isso e sair daqui com atitude. O consumidor não entende que quando ele compra nesses meios digitais, eles tiram empregos. Precisamos trabalhar para baixar os juros. Não podemos deixar que isso atrapalhe o crédito do varejo, porque somos nós que movimentamos, somos a ponta do mercado. O país tem potencial de arrecadar mais, é só olhar para o que acontece na Black Friday. Por que vendemos muito na data? Porque baixa o preço e aumenta o volume”, argumentou a presidente do conselho administrativo da Magazine Luiza.

Outro tema tratado durante o painel foi a digitalização do varejo, que apesar de se manter no físico tem, cada vez mais, adotado o digital, e a importância de fornecer a melhor experiência para o consumidor, evitando problemas como fraudes. De acordo com Eduardo Monaco, o varejo digital faturou R$ 168,7 bilhões em 2022. “O varejo físico se tornou um ponto de exposição e experiência para o cliente, mas varejar não é para qualquer um. Tem espaço para todos os formatos”, apontou o presidente da ClearSale.

Por fim, ainda sobre a digitalização, Jorge Gonçalves afirmou que a movimentação representou o empoderamento do consumidor e isso é irreversível. “O brasileiro aprendeu e gosta de comprar, isso traz um desafio para a empresa. Ele quer o produto rápido e sem erro. O ponto físico virou um ponto de experiência, enquanto o digital virou uma ferramenta rápida. Precisamos investir na tecnologia”, finalizou o presidente do IDV.