O filósofo Luiz Felipe Pondé e a head do Nubank, Helena Bertho, foram alguns dos destaques no último dia do evento

O terceiro e último dia da Gramado Summit contou com palestras que abordaram temas como marcas nativas digitais, tecnologia, superação, diversidade e filosofia. O primeiro palestrante desta sexta-feira (8) foi Felipe Siqueira, cofounder da Oficina Reserva. Ele abordou o assunto “A sigla agora é DNGB – Digital Native Growth Brands”. Para o executivo, uma marca pode não ser nativa digital, mas pode ser uma marca com digital performance.

Em sua visão, o futuro não é só digital, ele é omnichannel. “É preciso linkar o físico com o digital. O cliente tem que ter o poder de decisão de comprar no canal em que ele quiser”. E, segundo ele, a tecnologia deve criar algo que o consumidor de fato vai usar. “A tecnologia precisa sempre pensar no cliente na ponta final”.

Como último insight, ele ressaltou que a verdade vende e que “a comunicação deve ser o core de todo o negócio”, destacando o discurso de Martin Lutter King, “I have a dream”, como o melhor ensinamento da vida.

Pedro Joanot, executivo de grandes marcas como Americanas, Zara, Pão de Açúcar e Azul, que teve a carreira interrompida após um acidente em 2011 que o deixou tetraplégico, falou sobre superação, a partir do tema “A vida é tudo o que você faz com ela”. “O acidente foi um momento muito complexo, mas depois que reagi à vida, abri uma consultoria, dei mentorias, lancei dois livros e hoje estou trabalhando na startup .PJ”.

Fazendo um paralelo com o seu recomeço, ele avalia que todos os dias são uma startup para ele, assim como na vida de uma empresa. “Todos os dias os empresários terão de tomar decisões capazes de grandes conquistas”. Segundo ele, um sonho é ter a cabeça no presente e a alma no futuro. “O sonho é algo muito poderoso e uma empresa tem de fazer com que a equipe entenda esse sonho”, ressaltou.

Com uma provocação sobre o que é o futuro, a head global de diversidade e inclusão do Nubank, Helena Bertho, sugeriu que a inovação só nasce a partir do incômodo. “Pensar em inovação é pensar que 45% dos lares brasileiros são chefiados por mulheres, mas elas ainda ganham 27% menos quando o salário é comparado com o dos homens. 56% da população brasileira é autodeclarada negra, que m:ovimenta R$ 1,7 trilhão, porém, o salário dos negros é 31% menor que o dos brancos”.

Reforçando seu pensamento, ela destacou que inovação precisa de diversidade e que ela não nasce do consenso. E questionou: “Estamos construindo um futuro para quem? É para todo mundo”?  E deixou como recado a sua crença no trinômio resultado, criatividade e impacto positivo.

O filósofo Luiz Felipe Pondé abordou o tema “O mundo virtual e suas consequências na vida real hoje e no futuro”. Ele contextualizou a sociedade contemporânea como muito ansiosa e falou sobre o crescimento da venda de medicamentos para aumentar performance e de ansiolíticos, como um dos reflexos desse comportamento, principalmente com a pressão sofrida nas redes sociais.

“Um dos grandes problemas de hoje é que temos de agradar as pessoas, principalmente nas redes sociais e isso gera muita ansiedade. Não existe vida privada nas redes sociais, além do fato que você pode cometer uma gafe e alguém vai descobrir. A ferramenta é promíscua. O medo de fazer alguma coisa errada e vazar na internet é enorme, mesmo em grupos de amigos, vide o caso do deputado Arthur do Val”, exemplificou.

Pondé falou também sobre a diminuição da taxa de natalidade e do crescimento de pessoas solitárias no mundo como uma tendência do perfil populacional no mundo todo. “A gente não vê mais mulheres grávidas nas ruas como eu via quando eu era a criança. As pessoas não querem mais filhos como antes, por causa do alto custo e também porque a carreira ocupa muito o espaço da vida das pessoas e vai ocupar cada vez mais. Em contrapartida, o crescimento de pet shops está aí”.

Ele destacou ainda o impacto da internet na vida das pessoas com a cultura do cancelamento, que “a partir de uma frase uma pessoa perde o patrocínio ou trabalho de anos”, a pressão das redes sociais na política, mecanismos disruptivos como a inteligência artificial e o metaverso, dizendo acreditar que a nova aposta do mundo virtual deve se concretizar, uma vez que as empresas estão investindo capital.