Executivos de agências de publicidade falam sobre os pesadelos que podem acontecer diariamente Com a chegada do Halloween, alguns lugares se enchem de decorações temáticas, mas o verdadeiro terror pode se esconder nos corredores das agências de publicidade. Afinal, nada é mais aterrorizante do que uma campanha que não ressoe com os consumidores, por exemplo.
Cada brainstorming pode ser uma verdadeira sessão de tortura, em que assumir alguns riscos pode fazer qualquer um sentir arrepios. Assim, entre risadas e sustos, as agências tentam conjurar campanhas que encantem, enquanto se protegem dos fantasmas de um fracasso publicitário.
O propmark convidou executivos de agências de publicidade para falar sobre os pesadelos que podem acontecer diariamente. Confira:
"O maior pesadelo para uma agência de publicidade é um relacionamento com um cliente que adota a mentalidade competitiva, como em um jogo de tênis, em vez de buscar uma parceria colaborativa, como em um jogo de frescobol. Aqui lanço mão da maravilhosa metáfora de Rubens Alves: em relacionamentos frescobol, ambos os jogadores trabalham juntos para manter a bola em movimento, buscando intensidade e colaboração; enquanto, no tênis, há uma busca por vencer o oponente e, definitivamente, isso passa por jogar a bola na parte da quadra onde ele não está. Quando a relação com o cliente é vista como uma competição, a energia é desperdiçada ao invés de ser concentrada no desenvolvimento da marca e do negócio - de ambos, diga-se. Um cliente que não está disposto a colaborar e buscar conjuntamente o sucesso representa um grande desafio e potencial pesadelo para a agência, pois impede que um relacionamento produtivo e de longo prazo floresça. A busca por prêmios e metas em conjunto, ao contrário, reflete o espírito de parceria que idealizo como o sonho de relações agência-cliente. Toda relação tem conflitos, mas quando há competição no lugar de colaboração, algo se perdeu" Fabio Pellim, managing director da Oliver Latin America "Hoje, ser uma agência é como ser equilibrista em um espetáculo cheio de desafios. Tem que competir com novos 'malabaristas', entregar resultados rápidos e ainda fazer o show com menos recursos. Tudo isso enquanto o público muda rápido e exige campanhas autênticas e éticas. No final, o segredo para ter bons sonhos é ser ágil, criativo e manter o espetáculo relevante e de pé!" Flavia Altheman, CEO da Magenta "O maior pesadelo das agências hoje? Ter boas ideias já é um baita desafio. Conseguir clientes com a coragem para aprová-las é mais um passo importante nessa jornada. Mas o verdadeiro pesadelo, para mim, como COO e sócio de três criativos brilhantes, é garantir que essas ideias cheguem às ruas no timing certo, com execução impecável e o impacto que merecem. Meu papel na operação e no negócio da 11:11 é viabilizar essas ideias dos nossos clientes, surpreendendo o consumidor e engajando o público, tornando-as memoráveis e dignas de virar notícia" Guilherme Grigol, sócio e COO da 11:11 "Os mesmos monstros que fizeram multidões molharem as calças nas cadeiras dos cinemas, desafiam nossas bexigas diariamente nas agências. Quem nunca viu aquele Frankenstein ganhar vida e ir pra rua juntando a cabeça, o braço e o rabetão de diferentes boas ideias, e se tornar uma nota de lançamento assombrosa por aí? Certamente você já viveu verdadeiros pesadelos vendo uma campanha linda ser retalhada pelos cortes de verba tal qual um cafuné do Freddy Krueger. Também viu aquela ideia que ia brilhar em Cannes ser massacrada com os mesmos requintes de crueldade de quem empunha uma serra elétrica, correndo atrás da vítima pelo bosque sombrio entre a salinha do brainstorm e o mesão do RTV. Sei que você já viu chegar, de surpresa, aquele invite pra uma reunião na Sexta-Feira às 13h, assassinando o almoço feliz com direito a vinho e sobremesa. Mas, claro, o trabalho nas agências não é feito só de terror. Tem muito projeto bom que sobrevive ao chamado... Tem muita ideia boa que desafia a premonição mais pessimista daquela PPM trágica, e vai ter seu final feliz em um textão orgulhoso cheio de likes no LinkedIn. Sem falar naquele ritual, toda quinta à noite, que junta um monte de gente maravilhosa naquele bar tenebroso, em um lugar nada silencioso de Pinheiros (só quem fica até o final sabe o que é trevas de verdade). Mas isso me fez lembrar de cenas macabras, então vamos parar por aqui? Bom Halloween pra todos nós!" Bruno Couto, diretor de criação da Cheil Brasil Crédito: Foto de Beth Teutschmann na Unsplash
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