O novo coronavírus trouxe uma nova realidade para o mundo das agências de publicidade: o home office. Em tempos de isolamento social, a prática foi adotada pelas empresas que, independentemente da pandemia da Covid-19, precisam entregar trabalhos.

Mas será que tal prática é sadia? Pensando em responder essa e outras questões, o publicitário Lucas Schuch, âncora do podcast “Propaganda não é só isso aí”, ouviu profissionais das agências, que não estão em cargos de liderança, para saber como eles lidam com essa nova rotina.

“Organizei a pesquisa com esses 435 respondentes, questionário aberto na quinta e sexta da semana passada. Alguns dados só reforçam percepções que nós já tínhamos: que está sendo muito difícil, que tem problemas”, destaca. Para ele, um dos principais pontos é que home office não estava no DNA das agências.

Segundo o report, intitulado “Home office: tá bom para todo mundo? Mesmo?”, 94% afirmam que a agência começou o home office na quarentena.

Questionados se o home office era uma prática habitual da agência, 84% disseram que não.

“A forma como o home office foi colocado partiu da prerrogativa da limitação imposta pelo decreto estadual/municipal. Não vejo uma relação de valor de preocupação interpessoal na forma com que a prática foi adotada”, disse um dos respondentes.

“As pessoas não estão se sentindo mentalmente saudáveis”, comenta Schuch ao relatar um dos pontos mais relevantes do report: 65% estão se sentindo menos saudáveis mentalmente neste momento de home office.

Entretanto, a cobrança por produtividade segue a mesma, segundo 44% dos entrevistados. Aliás, 40% afirmam que a demanda até aumentou.

“Me sinto mal. Não consigo render como antes e todos os dias sinto medo de ser demitida por não estar entregando o suficiente. Fora que a situação da agência está ruim (muitos clientes saindo)”, disse um profissional.

O dado mais interessante, segundo Schuch, é que o sentimento negativo cresce muito entre as pessoas de agências que não se mostraram preocupadas com sua equipe. Segundo o report, atitudes como oferecer apoio e facilitação para tratamento psicológico e debater a possibilidade de conversão dos benefícios em dinheiro são algumas possibilidades de melhorias.

Outro ponto curioso: nem todos os profissionais estavam preparados para transformar a casa em home office.

A maioria (40%) afirma que sua casa não estava pronta para se tornar seu escritório. Somadas a uma parcela importante que precisou adequar um cômodo para trabalhar.

“Agência se dispôs a enviar cadeiras apropriadas a quem precisasse e contribuir com um auxílio econômico pra contratar uma internet/pagar e também pra ajudar custear a conta de luz”, disse um dos respondentes. Aliás, positivamente, a maioria das agências não efetuou cortes de benefícios.

Lucas Schuch (Divulgação)

“O objetivo não era gratuitamente gritar dois pólos: lideranças e pessoas. O ponto é: as pessoas que responderam a pesquisa, por força da indústria, não costumam ter voz. Não são consultadas nesse momento. Essa pesquisa é pra isso”, finaliza Schuch.

Participaram da pesquisa profissionais de 269 agências do país. Para ler o documento completo, clique aqui.