Segundo a nova edição do Mapeamento da Indústria Criativa, o Brasil tem 935 mil profissionais criativos formalmente empregados

A nova edição do Mapeamento da indústria criativa, feito pela Firjan, apontou que o número de profissionais criativos cresceu 11,7% % em relação à última edição, lançada em 2019.

O estudo analisou o setor entre 2017 e 2020 e revelou que, atualmente, o Brasil conta com 935 mil profissionais criativos formalmente empregados, o que equivale a 70% da mão de obra que atua na indústria metal mecânica brasileira.

O mapeamento foi dividido em quatro áreas criativas: tecnologia, consumo, mídia e cultura e, conforme o estudo, as duas primeiras áreas representam mais de 85% dos vínculos empregatícios dos profissionais, com aumentos de 20,0% 12,8, respectivamente. Já Cultura e Mídia, que representam os 15% restantes, registraram uma queda de 7,2% e 10,7%.

Segundo o vice-presidente da Firjan, Leonardo Edde, a contração das vagas no setor de Mídia é de caráter estrutural, consequente de inovações tecnológicas que alteraram a forma como os agentes produzem, disseminam e consomem o conteúdo. Também colaboram para este cenário, as alterações nas relações de trabalho, que não ocorrem mais em formato de contratações generalizadas e foram impactadas pelas mudanças físicas geradas pela pandemia.

Em relação à Cultura, Edde que também é presidente do Conselho de Indústria Criativa da federação, pontuou que o setor já vinha enfrentando dificuldades em razão de desafios institucionais ligados a novas legislações, como a alteração na Lei Rounaet, que estabeleceu a redução de 50% no limite para captação de recursos e a diminuição de cachês.

“As produções criativas nos ajudaram a encarar os dias difíceis de pandemia e a manter a saúde mental no isolamento. O problema é que nós apenas consumimos, mas não geramos mais dessa riqueza em razão do isolamento e de outras barreiras físicas geradas pela pandemia. Ou seja: aumentou o consumo e caiu a produção cultural”, analisou Edde.

Puxado pelas áreas de Tecnologia e Consumo, o PIB criativo entre 2017 e 2020 cresceu e passou de 2,61% para 2,91%, totalizando R$ 217,4 bilhões, segundo o estudo. O valor é comparável à produção total do setor de construção civil e superior à produção total do setor de extrativo mineral.

“Este estudo serve para conhecermos mais o setor da Indústria Criativa, estimular políticas públicas específicas e orientadas para cada setor, além de ajudar a definir estratégias de negócio para as áreas”, explicou Julia Zardo, gerente de ambientes de inovação da Firjan.

Rio de Janeiro ultrapassa São Paulo

Nesta edição, o Mapeamento da Indústria Criativa também realizou as quatro análises com as temáticas Soft Power e desenvolvimento com base na cultura e identidade dos territórios; Desafios à valoração de intangível nas Indústrias Criativas; Aspectos da Proteção à Propriedade Intelectual e Problematizando a definição de Economia Criativa, para entender a Indústria Criativa no Brasil e seus impactos sobre cidades e estados.

De acordo com o mapeamento, São Paulo e Rio de Janeiro seguem sendo os estados mais representativos no mercado de trabalho criativo, com 50,9% dos empregos registrados em 2020. Até 2020, havia cerca de 380,3 mil vínculos em SP e, no RJ, 95,7 mil.

Na edição deste ano, o PIB criativo do estado do Rio (4,62%) passou o de São Paulo (4,41%), seguido do Distrito Federal (3,07%). Outro destaque do estudo é o protagonismo Norte e Nordeste no setor. A Paraíba (13,6%); Bahia (12,2%); Piauí (11,8%); Alagoas (11,4%); Acre (11,0%) e Rio Grande do Norte (10,6%) lideram o ranking de participação de profissionais na área cultural.

As profissões que mais cresceram

O levantamento da Firjan também mapeou as 10 profissões criativas em alta no Brasil. Conforme a gerente de ambientes de inovação da Casa Firjan, Julia Zardo, as ocupações são fruto de modificações estruturais nas relações de trabalho, não somente dentro dos setores criativos, como também da economia como um todo.

“Podemos observar que todas essas ocupações indicam novas formas de interação com o consumidor e novas experiências de formatação e distribuição de produtos, em linha com inovações tecnológicas”, completou Julia.

Confira quais as profissões:

Analista de Negócios
Analista de Pesquisa de Mercado
Programadores/Desenvolvedores
Biomédico
Visual Merchandising
Gerentes de Tecnologia da Informação
Designer Gráfico
Pesquisadores em geral
Gerente de Marketing
Engenheiros da área P&D

‘Vivemos uma nova era onde as engrenagens da economia criativa são cada vez menos tangíveis. O profissional criativo, portanto, é essencial para navegar neste novo cenário, mapeando tendências, otimizando a experiência dos consumidores e promovendo uma maior sinergia entre inovação, desenvolvimento, produção, distribuição e consumo”, finaliza Julia Zardo.