Personagem criada com IA representa as milhares de mulheres que perderam entes queridos por armas de fogo no Brasil

O Instituto Sou da Paz lançou nesta terça-feira (8) a campanha MarIA, que coloca no centro do debate a dor das mulheres que perderam familiares para a violência armada no Brasil.

A ação dá vida a uma personagem criada com inteligência artificial, para representar a dor das mães, avós, esposas, irmãs e amigas de vítimas de armas de fogo.

Segundo levantamento do Instituto com base em dados do Datasus/Ministério da Saúde, quase 77% das vítimas de armas de fogo em 2023 eram pessoas negras, sendo mais da metade (54%) jovens de 15 a 29 anos e 94% homens.

Entre as mulheres vítimas, metade das mortes por agressão foi cometida com arma de fogo e dessas, 72% delas eram negras e 59% tinham até 39 anos.

A personagem MarIA foi construída a partir de milhares de referências visuais e sonoras que refletem o perfil das mulheres que sofrem esse tipo de perda. “Eu me chamo Maria, Lúcia, Helena... Tânia. O nome que você pensar já vai ter perdido um filho ou uma filha para a violência armada", diz a representante no vídeo

Além de emocionar, a campanha tem como objetivo incentivar a entrega voluntária e anônima de armas de fogo, resgatando iniciativas promovidas pelo Instituto desde os anos 1990.

“Essa campanha tem como objetivo trazer novamente as vítimas e seus familiares para o centro do debate. Quando falamos da necessidade de uma regulamentação responsável que estabeleça critérios rígidos para o acesso a armas, estamos falando sobre preservar as vidas de pessoas e impedir que tragédias evitáveis aconteçam”, explica Carolina Ricardo, diretora-executiva do Instituto Sou da Paz.

A campanha foi criada pela agência Troup,Cyranos em parceria com o hub Alegria e contou com produção da Love Pictures Company. Para o áudio, locutoras negras e pardas de todas as regiões do Brasil emprestaram suas vozes para dar vida a MarIA, em trabalho coordenado pela produtora de som Antfood.

“Usamos IA não para substituir o humano, mas para amplificar o propósito. A MarIA existe, só não era vista. E agora, representa a dor e a luta de milhares de mulheres brasileiras”, aponta Marcelo Reis, fundador da Alegria.