Com estruturas mais enxutas, agências indie conseguem implementar novas tecnologias mais rápido, transformando a agilidade em vantagem estratégica
Um estudo recente do IAB Brasil em parceria com a Nielsen mostra que a inteligência artificial já deixou de ser um tópico a se discutir para se tornar prática no setor publicitário. Segundo o levantamento, 80% dos profissionais de marketing no país já incorporam IA às suas estratégias, e os principais benefícios citados foram: mais eficiência (80%), maior velocidade (68%), decisões mais assertivas (49%), redução de custos (37%) e melhora da experiência do cliente (34%). A pesquisa ainda revela que a maioria (74%) ainda está em seus primeiros anos de uso, sendo que 41% começaram há apenas um ou dois anos.
As finalidades mais comuns vão da criação de conteúdo (71%) à análise de dados e insights (68%), passando por otimização de campanhas (53%), automação de marketing, chatbots e segmentação de audiência. Ainda em 2025, 44% das empresas planejam aumentar o orçamento destinado à IA, embora 43% ainda não saibam como fazer essa alocação. No entanto, se nas holdings a adoção da IA costuma passar por comitês, camadas de aprovação e protocolos mais complexos, entre as independentes o movimento acontece em outro ritmo, o que dá a elas uma vantagem competitiva no momento em que toda a indústria ainda está aprendendo a lidar com a tecnologia, que a cada dia conta com uma funcionalidade, diga-se de passagem.
Foi exatamente essa a motivação da Phocus para criar o FutureLab.IA, um projeto voltado a explorar o uso prático da tecnologia dentro da agência, com foco em reunir os times para testarem ferramentas e aprimorarem suas habilidades.
“Trazer a IA para o nosso negócio é trazer mais produtividade para os processos da agência e nossos processos de comunicação”, explica Daniel Caracas, cofundador e CEO da Phocus. Segundo ele, a virada de chave veio em junho, quando participou do SXSW em Londres. “Como é um evento de inovação, foi muito falado sobre IA e muitos temas cruzados com cultura, com comunicação. Voltamos com a certeza de que uma coisa é fato: não sabemos nem conseguimos prever 100% para onde vamos, é tudo muito dinâmico, mas não podemos ficar parados. A gente precisa se movimentar para não ficar para trás nessa conversa”, relembra ele. “O ‘Lab’ está no nome porque quisemos tirar o peso de ‘já saber’. A ideia é ser algo laboratorial, construído junto, um laboratório vivo, colaborativo, em que todo mundo aprende junto”, detalha Caracas.
o executivo ainda lembra que o impacto chegou ao mesmo tempo para todos. “Uma grande holding internacional e uma agência independente receberam esse impacto juntas. É algo inédito. A diferença não está em quem tem mais dinheiro para comprar a melhor ferramenta, mas em quem consegue absorver e aplicar mais rápido no dia a dia”. Ele exemplifica que, entre voltar do SXSW, compartilhar os aprendizados com o time e lançar o projeto, o processo levou apenas dois meses, mas, ao mesmo tempo, “uma holding levaria muito mais tempo, e quando aprovasse, talvez o timing já tivesse passado”.
Vantagem competitiva
A mesma percepção é compartilhada pela Tiger, que já nasceu com a tecnologia no centro de seus processos. Para Rapha Borges, fundador da agência, mais do que uma escolha, adotar IA é questão de nivelar o jogo. “As independentes não têm o luxo de processos engessados ou hierarquias infinitas. Precisam ser rápidas, ágeis, errar e ajustar no mesmo dia. A IA entrou como atalho natural para isso. No fim, é uma oportunidade de nivelar o jogo. Uma agência pequena pode entregar com a mesma qualidade (ou melhor) que uma gigante, porque consegue acelerar processos e abrir espaço para ideias.”
Leia a matéria completa na edição do propmark de 8 de setembro de 2025