Brasil tem a segunda maior delegação em busca de novidades para gerar negócios e monetizar o volume de dados que o varejo possui
A National Retail Federation, big show do varejo global, teve como tema central 'Make it matter'. A feira não é mais apenas um showroom de acessórios para as cadeias de vendas. Agora, quer fazer valer seu ecossistema como fonte inspiracional e estratégica para soluções que embutem tecnologia, marketing e o aproveitamento do retail como mídia.
Encerrada na semana passada, atraiu centenas de brasileiros, não só iniciados em trade marketing, lojistas e profissionais de live marketing, principalmente a delegação organizada pela Gouvêa Ecosystem, do especialista Marcos Gouvêa de Souza. O campo magnético do evento também chamou nomes do design, da publicidade e de outras disciplinas que sabem que a compreensão dos repertórios que transitam pelo ambiente commerce, físico e digital, faz sentido. Com o desafio de transformar o hype em execução.
A IA esteve em pelo menos 170 palestras do evento realizado em Nova York. O Innovation Lab mostrou como personalização, analytics, IA, realidade aumentada, robótica e outras tecnologias para o futuro se decidem em real time. Claro, a IA já é recorrente em vários estágios do varejo. As assistentes virtuais são “peixe pequeno” nas ofertas que estão em andamento e vão garantir compras, gerar novas experiência para os shoppers, informação customizada, conexão e, por exemplo, eficácia nas transações financeiras.
A IA está entre as principais tendências porque vai fomentar formas inéditas de consumo e consumidores antenados com as ofertas que a tecnologia propicia, e estão quase sempre ao alcance por meio de smatphones (na palma da mão), reconhecimento facial, logística descomplicada etc.
A Microsoft lançou ferramentas na NRF reconhecidas como inovadoras para o varejo otimizar e unificar dados, como Copilot e a solução Fabric. A empresa de Bill Gates viu que varejistas começaram a contemplar as possibilidades da IA generativa, mas filtrando casos de utilização potenciais para apenas algumas das oportunidades mais promissoras.
A usabilidade conseguiu normalizar alguns casos de de alto impacto. A Microsoft fornecerá serviços de IA tanto para casos de uso generativos baseados em linguagem natural quanto para casos de uso que exijam um mecanismo de raciocínio para trabalhar nos dados de uma organização, fornecendo novas maneiras de responder perguntas.
A retail media é outro fenômeno em fase de crescimento que pode assegurar “protagonismo” nas verbas de publicidade dos anunciantes. A expectativa da Warc é que essa modalidade de exposição de marcas alcance a 3ª posição nos budgets com mais de US$ 200 bilhões até 2027. Em 2025, vai ultrapassar os US$ 100 bi.
Jean Paul Rebetez, head de estratégia e gestão e sócio-fundador da Gouvêa Consulting, e especialista em varejo, consumo, omnichannel e transformação da gestão, elencou quatro fatores que estão no comércio: “O envelhecimento da população nos principais mercados consumidores, mudando toda a forma de consumir; a pressão financeira advinda de um mundo em conflito e pós-Covid-19 – com inflação corroendo o poder de compra mundial; o fim do consumo linear, realizado e influenciado por diversos canais, formatos e mídias digitais; e a estrela de todas as influências, a inteligência artificial, sendo a principal ferramenta para todo o processo de consumo.”
Rebetz prossegue: “Para o varejo brasileiro as aplicações são múltiplas, desde rever processos que colaboram com a produtividade e a eficiência operacional,
no caso da IA, quanto buscar entender que a loja é muito mais que um ponto de venda e monetizando como retail mídia, delivery point, venda de serviços etc. Minha observação pessoal indica lojas mais conectadas e integradas, sem pirotecnias digitais, com visão de engajamento e valorização da vida útil dos clientes. Muita orientação em trabalhar as suas comunidades de clientes e definitivamente o ESG na agenda das empresas. Retail media é a grande bola da vez, o varejo tem um asset que até então era pouco explorado e fica evidente o quanto esse asset tem valor para consumidores e indústria”.
Fundador e CEO da Bornlogic, André Fonseca participou pela terceira vez da NRF e patrocinou a BTR Varese, uma das maiores delegações brasileiras. “As palestras trazem perspectivas incríveis. Startups trabalhando com AI, empresas de logística criando robôs e automatizando as warehouses e mais empresas de ERP, CRM, martech e muitos sistemas e ecossistemas de pagamentos”, comenta Fonseca.
O fundador da Bornlógzic vai adiante: “Retail media é uma oportunidade da década, todos os varejistas estão criando as próprias redes de RM e times para gestão das verbas da indústria, inflação e trends econômicos sobre 2024. Muitas palestras falaram sobre condições macroeconômicas , marketing de influência e social commerce: o papel crescente das redes sociais e dos influenciadores digitais no varejo”.
Leia a íntegra da reportagem na edição impressa do dia 22 de janeiro