O cantor Renato Teixeira já disse em sua clássica Paulistano do Interior que os moradores da região fazem a própria estrada. Um caminho de respeito quando se trata do mercado da comunicação. Os números não mentem: entre janeiro e dezembro de 2019, o interior de São Paulo gerou 4,31 milhões de inserções publicitárias nos meios Cinema, Jornal, Out Of Home, Revista e TV Aberta, sendo 44% no primeiro semestre e 56% no segundo. Esse montante representou 24% do volume total no estado, conforme dados da Kantar Ibope Media.

Dudu Godoy: “Interior de São Paulo é um campo fértil para os negócios da publicidade” (Divulgação)

Já no primeiro semestre de 2020, afetada pela crise provocada pela pandemia da Covid-19, a região foi responsável por 1,38 milhão de inserções nos mesmos meios, uma queda de 22% em comparação com o mesmo período no ano anterior, mas ainda mantendo o share aproximado no total do estado (25%).

Os setores de Serviços ao Consumidor, Comércio e Financeiro & Securitário são os principais anunciantes e, juntos, são responsáveis por quase metade das inserções publicitárias da região (46%) no primeiro semestre de 2020.
Para Dudu Godoy, presidente do Sindicato das Agências de Propaganda do Estado de São Paulo (Sinapro-SP), a publicidade no interior, assim como na capital, tem um importante papel na movimentação da economia local, no fortalecimento dos meios de comunicação regionais, na geração de empregos, no fomento da educação e na formação de profissionais, o que se reflete no fortalecimento do mercado como um todo.

“Há de se considerar que o potencial econômico dos mercados regionais é enorme, pois eles abrem oportunidades para o avanço e o crescimento da publicidade nesses mercados, seja por conta das estratégias das empresas que buscam regionalizar as suas comunicações ou pelas oportunidades junto aos anunciantes locais – pequenas e médias empresas, varejistas em geral, shopping centers, e também o agronegócio, em algumas regiões do estado. Portanto, o interior de São Paulo é um campo fértil para os negócios da publicidade, tanto para agências quanto para anunciantes”, explica.

Questionado sobre como o sindicado vem auxiliando as agências da região neste período pandêmico, Godoy menciona pontos como a Convenção Coletiva do Trabalho do setor de propaganda. “Uma medida importante para auxiliar as agências nas relações com seus colaboradores neste período”, explica. Segundo o executivo, a convenção estabeleceu regras para as questões do trabalho remoto e da jornada flexível, que já vinham sendo adotados em alguns casos sem um critério único para toda a categoria. Além disso, também incorporou os itens da medida do governo com as alterações pertinentes ao setor, para fazer frente ao impacto da pandemia. “A CCT adiantou-se a qualquer questionamento de que as medidas provisórias pudessem causar no futuro, garantindo assim a segurança para todas as partes”, elucida o executivo.

Segundo o presidente do Sinapro-SP, a entidade também manteve inalterados os preços para a tabela Valores Referenciais de Serviços Internos. “A fim de auxiliar as agências na retomada dos negócios e a precificar os seus serviços. Acreditamos que a manutenção dos valores nos patamares de 2019 é importante neste momento de readequação e retomada dos negócios. O documento é a maior referência para a precificação de serviços internos realizados pelas agências de propaganda e, nesta edição, válida a partir de julho de 2020, os valores não sofreram reajustes”, esclarece.

Em se tratando de números da região, o estado conta com cerca de 6.500 agências de propaganda e, deste universo, 4.765 contribuíram com o sindicato através do pagamento da contribuição sindical ou empresarial. “O que as tornam sindicalizadas com o direito de utilização da CCT e outros benefícios”, diz Godoy.