No dia 18 de maio, todo o mercado financeiro e digital aguardava o monstruoso IPO (Initial Public Offering) do Facebook, então avaliado em US$ 104 bilhões e com potencial quase que imensurável diante das possibilidades. Entretanto, a abertura de capital da empresa de Mark Zuckerberg está se tornando um grande fiasco, e as ações “FB” listadas na Nasdaq continuam em queda livre.

Nesta quarta-feira (30), os papeis operavam em ligeira alta de aproximadamente 1%, compensando as perdas consideráveis do dia anterior, quando chegou a se desvalorizar 10% e até acionou o “circuit breaker” – quando uma ação com forte oscilação para de ser negociada para que as perdas não sejam ainda maiores – da bolsa de valores americana e fechou em baixa de 9,62%, cotado a US$ 28,84 por ação.

Este valor é o menor atingido até hoje pela rede social na bolsa, e cerca de US$ 10 inferior à cotação inicial por ação do Facebook em seu IPO, quando cada papel começou a ser comercializado a US$ 38,00. A oferta pública de ações da companhia já foi um prenúncio do “inferno astral” vivido por Mark Zuckerberg.

Enquanto o mercado esperava uma forte alta, especialmente por se tratar de uma empresa de tecnologia (o LinkedIn se valorizou mais de 100% em seu IPO, enquanto o Google também começou seu caminho na bolsa de valores em considerável elevação), o Facebook cresceu apenas 0,61% em seu primeiro dia listado na Nasdaq.

Prejuízo

Segundo a Bloomberg, o Facebook já é o pior IPO da década, analisando o desempenho dos papeis uma semana após seu lançamento nas bolsas de valores. A rede social desvalorizou-se 13,1% nos cinco primeiros dias de operação, configurando a pior performance entre as empresas que entraram no mercado de valores. Até então, as piores marcas era da MF Global (-10,4%) e do Blackstone Group (-4,2%). Na contramão, Visa (+45,4%) e MasterCard (+21,8%) foram as que mais se elevaram.

Além disso, o sistema da bolsa teria travado durante os primeiros 30 minutos de pregão, fazendo com que os operadores ficassem sem saber se conseguiram ou não efetuar as operações de compra e venda. No final, quem não conseguiu comprar as ações da rede social pode se considerar “no lucro”. Instituições como o Citigroup e UBS teriam perdido cerca de US$ 50 milhões apostando no Facebook, segundo o Wall Street Journal.

A própria oferta da rede social foi posta em xeque, com a SEC (Secures and Exchange Comission, a autoridade financeira dos Estados Unidos) investigando os coordenadores do IPO (o próprio Facebook, além dos bancos Morgan Stanley, JPMorgan Chase e Goldman Sachs), acusados de terem ocultado e manipulado informações relevantes sobre a classificação dos papeis do banco, que apontavam lucro menor do que o esperado e não foram alardeadas.

Um dos principais motivos para a baixa dos papeis FB seria a divulgação de que muitos dos usuários acessam a rede social por plataformas alternativas como mobile e tablets, o que inibe a publicidade, mais presente quando o site é acessado via web. Recentemente, a General Motors revisou seu plano de mídia e decidiu retirar todo o investimento – cerca de US$ 10 milhões – dos anúncios na rede social.