Em entrevista ao propmark, a artista e Mariana Madjarof, diretora de comercial da F/SIMAS, contam como funciona o processo criativo das campanhas

A Manu Gavassi se tornou um case quando o assunto é publicidade na internet. A cantora, compositora, atriz, dubladora, apresentadora, escritora, diretora, produtora, roteirista e influenciadora digital brasileira transformou a maneira de se fazer os tradicionais "publis" nas redes sociais com produções audiovisuais de qualidade e quase cinematográficas.

Em 2009, Manu ganhou o coração da internet com vídeos cantando e se tornou conhecida antes mesmo do termo "influencer" fazer parte do vocabulário da internet. Ao longo dos anos, ela se estabeleceu na música com o lançamento de seus álbuns, participou de novelas, séries, escreveu livro, lançou uma websérie no Youtube, estreou no cinema... Mas foi em 2020, que ela chegou ao topo do conhecimento — e do gosto — público com a sua participação no Big Brother Brasil.

Durante os três meses de programa, as suas redes sociais foram invadidas por uma série de vídeos onde a artista tratava sobre a sua participação no programa. Os vídeos foram, obviamente, gravados antes dela entrar no programa e retrataram todas as situações que eram possíveis de acontecer dentro do reality show da Globo.

De acordo com Mariana Madjarof, diretora de comercial da F/SIMAS, agência que cuida da carreira da Manu, assim que ela saiu do preograma foi feita uma reunião para explicar e mostrar as possibilidades de publicidade que esse canhão poderia proporcionar.

"Ela olhou todos os 'possíveis' contratos, se impressionou e disse as palavras que mudaram nosso mindset. Ela falou que se sentia feliz e honrada com tudo que estava acontecendo, mas que queria ser sempre honesta e clara com a audiência, que não se sentia confortável em mostrar a vida dela e, do nada, aparecer anunciando algo. Ela queria deixar claro o que era publicidade. A partir desse sentimento, decidimos transformar toda publicidade em entretenimento. Não queríamos assaltar nossa audiência, mas fazer publicidade da maneira mais bonita possível, com roteiro, estética, com um tom artístico", explicou a executiva.

Mariana Madjarof e Manu Gavassi (Divulgação)

Mariana é uma das pessoas ativas nas negociações de publicidade com marcas que buscam pelo "jeito Manu Gavassi" de criação, mas garantiu que a artista faz questão de estar presente nas reuniões, expondo as suas ideias e escutar o que eles buscam. "Ela trabalha como uma executiva real nas campanhas. Se envolve em cada etapa, cria, dirige, escolhe cada profissional para cada roteiro que ela cria", ressaltou.  

De acordo com a executiva, alguns itens são indispensáveis para se fechar um contrato com a Manu, como por exemplo, a liberdade criativa, participação no projeto, além de precisar ser uma marca que tenha a ideologia parecida com a dela e que ela admite. Estes são alguns dos pontos que fazem com que o índice de recall das marcas seja de quase 100%, com marcas que já estão na 5ª renovação de contrato com a artista. "Ela mudou a forma de fazer publicidade no país, isso é indiscutível".

Além da executiva, o propmark também entrevistou a Manu Gavassi. Na conversa, ela conta sobre como começou sua relação com a publicidade e em que momento ela mudou a forma de produzir os conteúdos. Leia a entrevista na íntegra:

Como começou a sua relação com a publicidade?

Manu: Minha relação com publicidade na verdade começou há muito tempo porque bom eu comecei há muito tempo, né? E eu lembro que, com 16 anos, logo quando eu comecei eram outros tempos. Há 13 anos, a internet não tinha o peso que ela tem hoje na carreira das pessoas. Era um outro jeito de trabalhar e ainda nem existiam maneiras de trabalhar, de fato, com internet. Ainda era algo muito novo, só que eu lembro que já existia uma procura das marcas para trabalhar comigo com publicidade. Lembro que isso até surpreendeu no meu primeiro escritório porque, teoricamente, eu entrei como uma cantora e acabava fazendo mais publicidades do que era esperado para alguém que tava começando, sabe? Então, eu lembro que já existia esse interesse e eu já circulava nisso. Cheguei a fazer algumas marcas grandes bem novinha, mas era uma maneira muito diferente de trabalhar, né? Era um meio completamente diferente.

Qual foi o insight que gerou essa mudança na forma de se fazer publicidade?

Manu: Depois desse desse meu início desse contato inicial, a internet foi crescendo muito né? Mudando de proporção, a maneira que a gente lida e trabalha com ela... Ai começou a virar o que a gente conhece. Eu nunca deixei de trabalhar com publicidade, desde o início da minha carreira foi algo recorrente assim, mas eu acho que a grande mudança foi em 2018, quando eu comecei a estudar roteiro e comecei a entender que eu não gostava dos briefings que eram mandados. Eu me sentia mal em "enganar a minha audiência", sabe? Em ser algo tão descarado assim, que não era eu, não era com as minhas palavras... Era algo que eu não acreditava, então eu comecei a batalhar para fazer isso do meu jeito.

Foi passos de formiga no início porque não era algo muito comum mudar os briefings, mas eu ia dando um jeitinho ali, outro aqui... E, mais do que isso, eu comecei a imprimir a minha estética e a minha narrativa no meu próprio trabalho. Eu lembro que, de 2018 para 2019, eu lancei um EP que eu tive uma solução visual para ele. Eu fiz como se fosse um filme, com legendas, que contava a história através disso, ao invés de fazer um clipe. Fiz com artistas visuais e tudo mais e foi um projeto que chamou a atenção das marcas. A partir disso, elas começaram a me procurar dando exemplo desse EP, que foi o Cute but Psycho. Em paralelo a isso, eu já estava estudando roteiro e narrativa, então comecei a criar coisas diferentes, mais criativas e ousadas.

Qual foi a primeira marca que te deu essa liberdade de criação?

Manu: A Tanqueray foi a primeira que realmente abraçou um roteiro desses e foi muito legal. A partir daí, começou a chamar a atenção do mercado, que passou a me procurar buscando isso. E claro que depois do case do Big Brother, que foi o maior exemplo dessa potência criativa e de como uma história bem contada pode chegar longe, mudou completamente de patamar e de figura. Eu comecei a, não só ter liberdade nas campanhas, ser procurada por conta disso. Passei a ser procurada não só como um rosto, mas como roteirista, como diretora criativa, como a cabeça por trás de de grandes campanhas. Foram três anos maravilhosos desde então, que eu pude ousar muito mais, aprender muito mais e, hoje, eu posso falar que eu comecei meio de mal com a publicidade, porque eu não gostava muito do jeito, e hoje eu amo trabalhar com isso. Eu me sinto bem realizada com todas as campanhas que eu tenho feito.

De onde nasce o processo criativo das campanhas?

Manu: Eu acho que o fator incomum que existe em todos em todas as campanhas para todas as marcas é um entretenimento assim, eu penso o que que eu gostaria de assistir como eu torno esse conteúdo que é que é só um briefing publicitário, né? Sobre um produto como eu torno isso algo que eu quero assistir até o final que eu vou assistir duas vezes, então é sempre assim que eu penso assim, como Eu transformo a entretenimento que é o que eu gosto e o que eu sei fazer.

Qual é a definição da marca Manu Gavassi e por que você acredita que as marcas buscam por ela?

Manu: Eu acho que as definições seriam autenticidade, qualidade e entretenimento. Acho que são as três coisas que eu busco imprimir sempre e acho que é por conta disso que as marcas têm me procurado cada vez mais. Com muito trabalho e dedicação, eu consegui deixar claro que essas são as minhas preocupações. Eu quero sempre ser autêntica, tanto na minha imagem quanto no meu discurso, quero sempre entreter, quero que as pessoas assistam várias vezes e se divirtam. Acho que isso ajuda a criar um carinho pela marca. A qualidade está inclusa nisso, é uma grande preocupação que eu tenho, então penso sempre na equipe e na maneira que eu quero fazer as coisas, seja uma campanha menor ou uma campanha gigante.